"Estou fortemente convencido de que começaremos a implementar três objetivos: o fim dos combates, a ajuda humanitária começará a entrar [em Gaza] e começará também a libertação dos reféns", disse Guterres numa conferência de imprensa em Beirute, onde se encontra numa visita de três dias.
O secretário-geral da ONU recordou que desde o primeiro dia tem vindo a apelar ao cessar-fogo em Gaza, à libertação incondicional dos reféns e à livre entrada de ajuda humanitária.
Sobre as disposições do acordo, mediado pelo Qatar, Egito e EUA, o alto responsável português disse não ter sido informado pelo governo israelita sobre o pacto, "mas Israel assinou o acordo e é evidente que há obrigações que têm de ser respeitadas".
Relativamente às limitações rigorosas que o parlamento israelita impôs à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), o responsável da ONU garantiu que aquele organismo internacional "continua a trabalhar em Gaza e também na Cisjordânia".
"Não temos qualquer intenção de suspender as nossas operações, a menos que Israel as interrompa. O acordo é claro e Israel não deve impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza", disse, advertindo que "não significa que seja fácil distribuir ajuda humanitária" no enclave.
"Temos bandos que atacam sistematicamente os comboios e outros obstáculos devido à situação em Gaza e à deterioração das infraestruturas do território", recordou.
Segundo os mediadores, o acordo de cessar-fogo entra em vigor no domingo de manhã, com uma primeira fase de 42 dias em que 33 reféns israelitas serão libertados em troca de prisioneiros palestinianos, e cerca de 600 camiões de ajuda humanitária, incluindo 50 de combustível, entrarão diariamente na Faixa.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio anunciou hoje que Israel se prepara para libertar "mais de 1.890 prisioneiros palestinianos" na primeira fase do acordo de cessar-fogo.
Anteriormente, tinha sido anunciado que na fase inicial do acordo, além do fim das hostilidades, seriam libertados 737 prisioneiros palestinianos em troca de 33 reféns israelitas.
O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza entrará em vigor no domingo de manhã, às 08h30 locais (06h30 de Lisboa), um dia depois de aprovado por Israel, após 15 meses de guerra que causou dezenas de milhares de mortos no território palestiniano.
Anunciado na quarta-feira pelos mediadores, o acordo visa, segundo o Qatar, conduzir a um fim definitivo da guerra na Faixa de Gaza, ali declarada por Israel a 07 de outubro de 2023 para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
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