O presidente francês, Emmanuel Macron, acusou este domingo a Rússia de alimentar a propaganda antifrancesa em África, para servir ambições "predatórias" em nações africanas conturbadas - onde França tem vindo a perder uma influência mais ampla nos últimos anos.
Segundo reporta a Reuters, as declarações foram proferidas à margem de uma cimeira de nações francófonas na Tunísia, onde Macron foi convidado a responder a todos aqueles que dizem que França explora laços económicos e políticos históricos nas suas antigas colónias para servir os seus próprios interesses.
A essas acusações, o líder francês respondeu, em entrevista à TV5 Monde: "Esta perceção é alimentada por outros, é um projeto político [...]. Não sou tolo, muitos influenciadores, por vezes falando nos seus programas, são pagos pelos russos. Nós conhecemo-los".
Emmanuel Macron argumentou ainda que vários "poderes, que querem espalhar a sua influência em África, estão a fazer isto para prejudicar França, ferir a sua língua, semear dúvidas, mas acima de tudo perseguir certos interesses".
De recordar que França foi, no passado, a principal potência colonial na maior parte do território de África Ocidental e Central. Conta, ainda, com laços militares de longa data nos países francófonos da região, tendo as suas tropas estado estacionadas no Mali durante uma década, como parte de uma operação antiterrorista. Porém, na perspetiva de alguns críticos, tal operação tratou-se de um verdadeiro fracasso - e, adicionalmente, culpam França por ter destabilizado ainda mais a região.
Em anos recentes, a Rússia tem também aumentado a sua influência sob a região, ao levar a cabo o destacamento de militares do grupo privado Wagner para vários países, nomeadamente para a República Centro-Africana (RCA) e para o Mali.
Paris viria, efetivamente, a ter de retirar tropas suas no Mali, após os militares do país africano terem tomado o poder num golpe de estado em 2020, no contexto de uma rutura das relações entre ambas as partes. Os líderes militares convidaram, subsequentemente, o grupo militar Wagner a ajudar numa longa batalha regional, com a duração de uma década, contra militantes islamistas, bem como a cortar os laços com França.
Este domingo, Emmanuel Macron veio, perante este cenário, dizer que o comportamento da Rússia na região tem sido "predatório". "Basta olhar para o que se passa na República Centro-Africana ou noutro lugar qualquer para ver que o projeto russo em curso lá, quando a França é afastada, é um projeto predatório", acrescentou ainda.
Na perspetiva do líder francês, tudo isto tem sido "feito com a cumplicidade de uma junta militar russa".
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