Reiterando a sua posição contra um cessar-fogo no conflito encabeçado pelo presidente russo, Vladimir Putin, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, recorreu à rede social Twitter para salientar que o “mundo russo” nos territórios ocupados baseia-se em “mil e uma formas de tortura”, assegurando que a Ucrânia “deve e libertará todos os seus cidadãos do inferno dos campos de concentração russos”. Apontou, por isso, que um cessar-fogo seria uma “facada nas costas do mundo civilizado”.
“Querem saber o que é o ‘mundo russo’ nos territórios ocupados? Mil e uma formas de tortura. Sequestro. Execuções em massa, violações. Só porque o nosso povo se identifica como ucraniano. Querem saber o que lhe dá poder para sobreviver? Fé que este filme de terror tem de acabar”, começou por elencar o responsável.
Podolyak foi mais longe, complementando: “Querem saber o maior medo deles? ‘Congelamento da guerra’, ‘cessar-fogo’ e recusa da contra-ofensiva, como uma facada nas costas do mundo civilizado. Não podemos deixar que isso aconteça: a Ucrânia deve e libertará todos os seus cidadãos do inferno dos campos de concentração russos.”
Want to know their biggest fear? "War freezing", "ceasefire" and counteroffensive refusal, like a knife in the back from the civilized world. We cannot let his happen: Ukraine must and will release all our people from Russian hellish concentration camp. 2/2
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) November 22, 2022
Horas antes, o responsável considerou, na mesma rede social, que a Rússia está a implorar “por uma conversa”.
“A Rússia a dar nas vistas. Após nove meses e 80 mil soldados russos mortos, 'o gangue dos drogados que procuraram ter poder em Kyiv' transformou-se no 'governo democrático da Ucrânia', e imploram por uma conversa", escreveu, considerando que a “lição a retirar” é nunca interferir “na vida política de outro país”
"Vocês [Rússia] não fazem ideia o que são eleições ou liberdade", rematou.
Acumulam-se as declarações do conselheiro presidencial ucraniano quanto à rejeição de conversações com a Rússia que, a seu ver, não trariam paz, mas multiplicariam as vítimas, ao representar a vitória de Putin.
Ainda assim, Podolyak indicou, noutra ocasião, que “a Ucrânia nunca se recusou a negociar”.
“A nossa posição de negociação é conhecida e aberta. Putin está pronto? Obviamente que não. Portanto, somos construtivos na nossa avaliação: falaremos com o próximo líder da [Rússia]”, disse, alertando que, para a porta das conversações ser aberta, a Rússia deverá retirar as suas tropas da Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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