Irão. EUA sancionam mais responsáveis enquanto repressão continua

Os Estados Unidos impuseram hoje sanções a mais três responsáveis da segurança iranianos, em resposta à continuação da repressão pelo Governo de Teerão dos protestos desencadeados pela morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini.

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Lusa
23/11/2022 18:30 ‧ 23/11/2022 por Lusa

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Hassan Asgari, Alireza Moradi e Mohammad Taghi Osanloo são os mais recentes alvos iranianos de sanções do Departamento do Tesouro norte-americano.

Os três alegadamente ajudaram a expandir o controlo militar em zonas maioritariamente curdas, incluindo Sanandaj e Mahabad, que têm "enfrentado uma resposta particularmente severa" desde que os protestos começaram, a 16 de setembro, segundo o departamento norte-americano.

Ativistas indicaram que as forças de segurança iranianas dispararam na segunda-feira artilharia pesada sobre manifestantes numa cidade curda ocidental, matando pelo menos cinco pessoas durante um protesto contra o Governo de Teerão, no funeral de duas pessoas mortas numa manifestação no dia anterior.

O Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro norte-americano indicou que o Governo iraniano tem aumentado as ações agressivas contra os seus cidadãos "no âmbito da sua repressão em curso de protestos pacíficos contra um regime que nega direitos humanos e liberdades fundamentais ao seu povo, especialmente às mulheres e às meninas".

Os protestos começaram depois de a jovem curda iraniana de 22 anos Mahsa Amini ter sido, a 13 de setembro, violentamente agredida e detida em Teerão pela "polícia da moral", responsável por fazer cumprir o rígido código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica.

Amini infringiu o código, porque, apesar de envergar o 'hijab' (véu islâmico), este deixava à vista parte do seu cabelo, e foi transportada já em coma para um hospital, onde morreria três dias depois, originando mais de dois meses de protestos sem precedentes no país desde a Revolução Islâmica, em 1979, que instaurou o atual regime teocrático.

Esta onda de contestação popular tem representado um sério desafio para a República Islâmica, onde os mais recentes protestos tinham ocorrido em 2009, quando o Movimento Ecologista fez sair à rua milhões de pessoas.

Desde 16 de setembro, pelo menos 426 pessoas foram mortas e mais de 17.400 foram detidas, segundo a organização não-governamental (ONG) Human Rights Activists in Iran, que tem estado a monitorizar a contestação social.

"O regime iraniano está alegadamente a alvejar e a abater os seus próprios filhos, que saíram à rua para exigir um futuro melhor", declarou Brian Nelson, subsecretário para o Terrorismo e Informações Financeiras, acrescentando: "Os abusos que estão a ser cometidos no Irão contra os manifestantes, incluindo os mais recentes em Mahabad, têm de parar".

A imposição de sanções ao Irão acelerou nos últimos meses, ao mesmo tempo em que o Governo do Presidente Joe Biden tenta que Teerão volte à mesa de negociações para um regresso ao acordo nuclear de 2015.

A comunicação social estatal iraniana noticiou na terça-feira que o país começou a produzir urânio enriquecido com um grau de pureza de 60% na sua central nuclear subterrânea de Fordo, o que está a ser encarado como uma intensificação significativa do programa nuclear do país.

No início de novembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amirabdollahian, admitiu que o Irão forneceu 'drones' (aparelhos aéreos não-tripulados) à Rússia, insistindo que a transação ocorreu antes da guerra de Moscovo na Ucrânia, durante a qual esses 'drones' têm sido utilizados para atacar infraestruturas e alvos civis ucranianos.

Os Estados Unidos já tinham imposto sanções a membros da agência de serviços secretos do Irão, líderes da Guarda Revolucionária iraniana, diretores prisionais e outros responsáveis. O Departamento do Tesouro também aumentou o acesso a empresas norte-americanas que querem fornecer Internet ao país.

Leia Também: Pelo menos três manifestantes mortos pelas forças de segurança iranianas

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