Putin reúne-se com mães de soldados. Questões foram pré-acordadas
Putin disse que não se arrepende de lançar o que chama de "operação militar especial" da Rússia.
© Reuters
Mundo Rússia
O presidente Vladimir Putin reuniu-se, esta sexta-feira, com mais de uma dúzia de mães de soldados russos que lutam na Ucrânia, dizendo às que perderam filhos que ele e toda a liderança sentem o seu sofrimento. No final, houve perguntas, mas apenas as aprovadas pelo Kremlin.
A guerra na Ucrânia matou ou feriu dezenas de milhares de soldados de ambos os lados, segundo os Estados Unidos. Do lado russo, o número de mortos permanece uma incógnita, mas, segundo a Reuters, centenas de milhares de russos foram enviados para lutar na Ucrânia - incluindo alguns dos mais de 300.000 que foram convocados como parte de uma mobilização anunciada por Putin em setembro.
Segundo o mesmo meio, o presidente russo encontrou-se com 17 mulheres na sua residência em Novo-Ogaryovo nos arredores de Moscovo, como forma de assinalar o Dia das Mães que se celebra na Rússia, no domingo.
Putin foi mostrado um pequeno clipe pré-gravado sentado com as mulheres em torno de uma mesa repleta de chá, bolos e tigelas de frutas frescas. Muitas sorriram quando Putin entrou, frisa a Reuters.
Putin disse que entendia a ansiedade e a preocupação das mães dos soldados - e a dor daquelas que perderam filhos na Ucrânia. "Gostaria que soubessem que eu, pessoalmente, e toda a liderança do país - sentimos a vossa dor", disse Putin.
"Entendemos que nada pode substituir a perda de um filho - especialmente para uma mãe", acrescentou, respirando pesadamente e limpando a garganta com frequência. "Nós sentimos essa dor", asseverou.
Putin disse ainda que não se arrepende de lançar o que chama de "operação militar especial" da Rússia contra a Ucrânia e considera a guerra um divisor de águas quando a Rússia finalmente enfrentou uma arrogante hegemonia ocidental após décadas de humilhação desde a queda de 1991 do União Soviética.
Seguindo aquilo que é a propaganda russa, Putin exortou as mães a não confiar no que leem na internet. "Não se pode confiar em nada lá, há todo tipo de falsificação, engano, mentira", disse Putin.
No final, estas mães foram autorizadas a colocar questões, mas nem isso decorreu sem o controlo do Kremlin. "As mães farão as perguntas 'corretas' que foram previamente acordadas", disse Olga Tsukanova, chefe do Conselho de Mães e Esposas, numa mensagem no Telegram, revela ainda a Reuters.
"Vladimir Vladimirovich [Putin] - é um homem ou quem é? Tem coragem de nos encontrar cara a cara, abertamente, não com mulheres pré-combinadas, mas com mulheres reais que viajaram de diferentes cidades para se encontrar consigo? Aguardamos a sua resposta", disse Tsukanova.
A Rússia divulgou pela última vez publicamente as perdas na guerra a 21 de setembro, quando o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que 5.937 soldados russos foram mortos. Esse número está muito abaixo da maioria das estimativas internacionais.
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