China. Produtor de papel desmente rumor criado em torno de protestos
A empresa de Xangai foi acusada de reduzir a produção de papel de tamanho A4, que está a ser usado como arma simbólica de protesto.
© Getty Images
Mundo China
Os protestos na China estão a assumir uma dimensão tão grande e mediática que, perante a disseminação de aparentes notícias falsas, uma empresa de papel em Xangai viu-se, esta segunda-feira, forçada a desmentir rumores de que tinha ordenado a remoção de papel de tamanho A4 das prateleiras.
Na origem do rumor estão os recentes protestos contra o governo chinês, nos quais os manifestantes estão a contornar a complexa censura do regime ao exibir folhas de papel completamente brancas - uma forma simbólica de alertar para a falta de liberdade de expressão no país.
Segundo a BBC, a Shangai M&G Stationary disse que a produção está a funcionar normalmente, e notificou a polícia para a existência destes rumores.
E, esta segunda-feira, apresentou ainda uma nota na bolsa de valores de Xangai a anunciar que estaria a circular um documento falso sobre a empresa. Segundo uma agência estatal chinesa, as ações da empresa foram mesmo afetadas pelo impacto do rumor.
As pessoas têm criticado o governo pela política de 'Covid zero', na qual o governo dá uma maior prioridade a confinamentos e isolamentos ao mínimo surto, em vez de priorizar a vacinação contra a Covid-19. A política tem afetado negativamente milhões de negócios, atrasado a economia e alterado a vida dos chineses, mas muitos acusam a prática de ser usada para conter a população no interior das suas casas, onde consumem apenas conteúdos aprovados pela censura.
强烈关注,清华大学学生现在正在进行的抗议集会,高呼”民主法制,表达自由“,国歌,国际歌。
— 周锋锁 Fengsuo Zhou (@ZhouFengSuo) November 27, 2022
习近平号称在此读书,中共控制最严的学校白天抗议,这是目前全球抗议运动的又一次升级。
一个女生手持白纸引发的抗议,带动众多学生参加,显示此刻人民的心声。#FreeChina #sitongbridge pic.twitter.com/vjHmLXGmjy
A folha de papel branca tornou-se num objeto simbólico contra o poder chinês há dois anos, quando a população de Hong Kong se manifestou contra o crescimento da repressão política na cidade que, até há pouco tempo, beneficiara de um estatuto especial que permitira aos habitantes viver num regime mais democrático.
Os manifestantes aproveitam o papel em branco para protestar, não só contra a censura, mas também contra a absurdidade das detenções, já que a polícia estará a deter pessoas por não dizerem nada.
Esta semana, o uso do papel branco já foi registado nos protestos em Xangai, no domingo, assim como pelos estudantes na Universidade de Tsinghua, em Pequim.
Os protestos têm sido particularmente surpreendentes na região de Xinjiang onde, durante anos, o Estado chinês tem trabalhado para reprimir a minoria muçulmana uigur, limitando completamente a vida e a liberdade dos habitantes da região (é lá, aliás, que o avançadíssimo sistema de videovigilância chinês opera com maior ênfase). Este ano, novos relatórios voltaram a denunciar a criação de campos de concentração em Xinjiang, nos quais os uigures são "reeducados" e torturados.
Leia Também: Jornalista da BBC "espancado pela polícia" ao cobrir protestos em Xangai
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