A Suécia e a Finlândia prescindiram das suas tradicionais políticas de não-alinhamento e iniciaram um processo de adesão à Aliança após a invasão da Ucrânia pelas forças russas em fevereiro.
Ancara acusou os dois países nórdicos de ignorarem as "ameaças à Turquia" provenientes dos militantes curdos e de outros grupos que define como "terroristas", exigiu a extradição de diversos ativistas e ainda não aprovou o acesso. Os parlamentos da Turquia e Hungria ainda devem ratificar a adesão, e quando os restantes 28 Estados-membros já concluíram o processo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, reuniu-se hoje com os seus homólogos sueco e finlandês à margem da cimeira da NATO, que terminou em Bucareste após dois dias de discussões.
"Estes dois países promoveram alguns passos para cumprir as suas obrigações, não ignoramos os passos efetuados", disse Çavusoglu em declarações a jornalistas turcos, e citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).
"Contudo, ainda não existe um desenvolvimento concreto sobre diversas questões, incluindo a extradição [de suspeitos indiciados pela Turquia] e o congelamento dos bens dos terroristas", adiantou.
"Lembrámos-lhes que, no final, é o povo turco e o parlamento turco que necessitam de ser convencidos", disse.
Num tom mais otimista, o ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom, disse à televisão sueca SVT que "foram registados progressos" sobre a integração na NATO, e que em breve viajaria para a Turquia.
"Aguardam-se aí novas discussões com o meu colega turco dos Negócios Estrangeiros. Também procuro a oportunidade para promover reconciliações", disse Billstrom.
E acrescentou: "À medida que as conversações avançam, podemos eventualmente chegar a um ponto onde o parlamento [turco] poderá ratificar" a adesão da Suécia e Finlândia.
O chefe da diplomacia finlandesa, Pekka Haavisto, disse aos 'media' do seu país que as conversações decorreram em espírito construtivo.
"Recebemos a confirmação [da Turquia] que as condições para a Finlândia também foram preenchidas em vários campos e em conformidade com o acordado previamente", disse à estação televisiva pública YLE. Uma das medidas já aprovadas consiste no fim do embargo à venda de armas com destino à Turquia.
Em paralelo, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou "ser tempo de os saudar na qualidade de membros de pleno direito da Aliança", uma intenção manifestada pela quase generalidade dos 30 países que integram a aliança militar ocidental e relacionado com a integração dos dois países nórdicos.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse estar confiante na adesão próxima dos dois países escandinavos à Aliança. Em declarações na capital romena considerou que, em comparação com anteriores alargamentos da NATO, o atual processo "está a decorrer numa velocidade recorde".
"A Turquia, Suécia e Finlândia estão em contacto direto, e também com a NATO, para assegurar que as preocupações da Turquia serão totalmente atendidas, incluindo as preocupações sobre a sua segurança. Esse processo está em marcha e estou muito confiante (...) que a Finlândia e Suécia sejam formalmente e em breve novos membros da Aliança", disse.
Çavusoglu assinalou que o novo Governo sueco -- uma coligação de partidos de direita -- é mais "sincero" e "mais determinado que o anterior governo" em atender aos pedidos de segurança da Turquia e efetuou inclusive alguns alterações legislativas.
"Ainda necessitamos de ver a sua implementação. Algumas leis vão entrar em vigor com o novo ano", disse Çavusoglu.
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