"Durante muito tempo, minimizámos o nosso passado colonial na Alemanha e menorizámos as injustiças e crimes cometidos [na época]", reconheceu a presidente do distrito de Berlin-Mitte, Stefanie Remlinger.
Na cerimónia da troca de nomes, em pleno "bairro africano" da capital", Remlinger apelou a "não só olhar para o passado, mas também para o futuro", nomeadamente, melhorando o ensino da colonização alemã nas escolas.
Erguido no início o século XX, quando a Alemanha reinava sobre um importante império colonial antes de o perder no final da Primeira Guerra Mundial, o "bairro africano" de Berlim testemunhava essa falta de reflexão sobre as injustiças cometidas.
Após anos de protestos de várias associações africanas, a praça Nachtigal passou hoje a chamar-se Manga Bell Square.
O explorador alemão Gustav Nachtigal teve um papel fundamental no século XIX na fundação das colónias alemãs na África Ocidental, Togo, Camarões e Sudeste Africano (Namíbia), conquistadas pela violência.
O nome de Nachtigal é agora apagado e trocado pelo de Manga Bell, homenagem ao casal real de Douala, povo dos Camarões, Emily e Rudolf Douala Manga Bell.
Líder da resistência contra a expulsão dos Douala das suas casas ancestrais, Rudolf foi executado em 1914.
Por sua vez, a rua até então chamada de Adolf Lüderitz recebeu o novo nome de Cornelius Fredericks.
Adolf Lüderitz, um comerciante de Bremen, é considerado um "pioneiro da colonização", sendo acusado de ter enganado o povo Nama no final do século XIX, que se estabeleceu na costa da atual Namíbia, ao comprar as suas terras por um valor muito reduzido.
Na cerimónia, o embaixador da Namíbia na Alemanha, Martin Andjaba, insistiu que a mudança do nome da rua é "um instrumento de reconciliação entre a geração presente e futura".
Na Namíbia, os alemães foram responsáveis pelo massacre de dezenas de milhares de indígenas dos povos Herero e Nama, entre 1904 e 1908.
Em 2021, após longas negociações, Berlim anunciou reconhecer que cometeu um "genocídio" naquele território africano que colonizou entre 1884 e 1915, prometendo ajuda ao desenvolvimento para beneficia os descendentes das duas tribos.
No mês passado, a Namíbia pediu para renegociar os termos do acordo.
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