Intupé disse ter este pressentimento com base "nas manobras em curso", alegadamente por parte do poder político, em transferir o processo do Ministério Público para a Promotoria da Justiça Militar, afirmou.
O Tribunal Regional de Bissau marcou para terça-feira, dia 06 de dezembro, o início de julgamento de 25 dos cerca de 40 detidos suspeitos de envolvimento na tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro passado.
Entre as 25 pessoas a serem julgadas, três serão à revelia por se encontrarem em paradeiro incerto.
O advogado referiu ainda que o espancamento de que foi alvo na sua residência, no dia 29 de novembro último, conforme disse, por homens fardados com uniforme militar, faz parte do plano para impedir que compareça na sala "de um eventual julgamento", caso venha a ter lugar no dia 06 de dezembro.
"Não acredito (no julgamento) porque até agora não tenho conhecimento de que de facto os suspeitos foram notificados. A informação que tenho é de que o Estado-Maior (das Forças Armadas) recusou que estas pessoas sejam notificadas", disse Marcelino Intupé.
O advogado acrescentou que sem que os suspeitos tenham sido notificados não pode haver o seu julgamento, ainda que os seus defensores oficiais tenham sido informados legalmente do início do processo no Tribunal Regional de Bissau.
Marcelino Intupé afirmou estar na posse de informações que indicam que, "pelo menos duas vezes", o novo Procurador-Geral da República, Edmundo Mendes, a ministra da Justiça, Teresa Alexandrina da Silva, e o presidente do Tribunal Militar Superior, Quintino Quadé, teriam feito reuniões para mandar o processo para a justiça militar.
Para o advogado, a estratégia do poder político "é de mandar acusar" algumas pessoas "que considera como envolvidas" na tentativa de golpe de Estado por não terem sido acusadas neste momento pela justiça civil, observou.
Intupé receia que a situação venha a retirar credibilidade ao processo e que "faça demorar ainda mais a descoberta da verdade sobre o que realmente se passou" no dia 01 de fevereiro passado.
Nesse dia, homens com armas do exército guineense atacaram o palácio do Governo, numa altura em que decorria uma reunião do Conselho de Ministros, presidida pelo chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló.
Mesmo com os receios, Marcelino Intupé prometeu estar presente na sala de julgamentos na próxima terça-feira.
Questionado sobre se tenciona apresentar queixa-crime contra os autores do ataque de que foi alvo, o advogado disse que pessoalmente não pretende tomar nenhuma diligência, mas disse ter conhecimento da intenção da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau de tomar medidas judiciais nesse sentido.
"Penso que por ser um crime público nem é preciso a minha intervenção, a Polícia Judiciária tem de fazer o seu trabalho", observou Marcelino Intupé.
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