"Nesta visita vamos concentrar muito na cooperação bilateral, como expandir a cooperação comercial e económica, sobretudo atrair investimentos de Singapura ou de empresa sedeadas em Singapura para Timor-Leste", disse à Lusa na véspera da partida para a visita de Estado.
"Ao mesmo tempo vamos analisar a contribuição de Singapura na capacitação de Timor-Leste para a adesão à ASEAN. Singapura disse estar disponível para apoiar algumas centenas de cursos de capacitação, especialmente virados para a adesão à ASEAN", considerou.
No passado de novembro, na 41ª cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Phnom Penh, os Estados membros chegaram a um acordo de princípio para integrar Timor-Leste na organização regional.
"Acordámos, em princípio, admitir Timor-Leste como o 11.º membro da ASEAN", refere uma declaração da cimeira da ASEAN que decorre em Phnom Phen, explicando que os próximos passos serão "um roteiro com critérios objetivos até à participação plena", que pode ocorrer na cimeira de 2023.
Até lá, Timor-Leste terá estatuto de observador, "podendo participar em todas as reuniões da ASEAN, incluindo as cimeiras plenárias", refere o comunicado.
Ramos-Horta disse hoje que a sua preferência é de que Timor-Leste seja admitido como membro pleno em 2023, durante a presidência indonésia da organização, defendendo, porém, que deverá haver um período de transição de cinco anos.
"Havendo ainda alguns passos a dar, havendo ainda obstáculos e desafios a ultrapassar, melhorias que Timor-Leste tem que fazer na área de economia e tudo o que é ligado a economia, deveria haver programa de cinco anos de transição", disse.
"Timor-Leste torna-se membro a partir de 2023, mas continua a receber apoio e capacitação para as áreas em que se identificou que Timor-Leste não está bem preparado. Nada diferente do que a UE fez para com países da Europa do leste na adesão", disse.
O chefe de Estado recordou o papel que Singapura tem tido de apoio a Timor-Leste desde a restauração da independência, em maio de 2002, destacando em particular curso dados a mais de 700 funcionários públicos timorenses.
"Tem apoiado sobretudo na formação de recursos humanos, mas com concentração em cursos de curta duração para atualizar os nossos funcionários. Bolsas de estudo para universidades de Singapura têm sido diminutas, mas não devemos subestimar a importância da formação dada a cerca de 700 timorenses", disse.
"As melhorias que tem havido também se devem a essa formação em Singapura", afirmou.
Já sobre os laços económicos, Ramos-Horta disse que parte dos esforços têm que ser feitos em Timor-Leste, onde investidores e empresários estrangeiros sentem muitas dificuldades.
"O problema também está connosco em Timor-Leste. Há tantas dificuldades, problemas desnecessários que se criam pelos nossos governantes e burocratas que causam preocupação aos potenciais investidores. E não são de pouca monta", disse.
Como exemplo, disse, "continua pendente por resolver e por explicar, o que os senhores da polícia e da Procuradoria-Geral da República estão a fazer com as alegações feitas contra a companhia Telemor do Vietname", afirmou.
Considerando que a Telemor "não é o único investidor estrangeiro que se sente vitimado", Ramos-Horta disse que é crucial melhorar o ambiente de negócios, voltando a criticar a ação do setor da justiça, também contra empresários timorenses.
Entre os casos citou o do empresário Raul Lemos que importou para Timor-Leste, aproveitando o regresso do navio Nakroma, algum material que necessita para projetos no país.
"O equipamento veio legalmente, com manifesto de carga, para se poder pagar os direitos alfandegários. Mas há chegada apareceu lá uma polícia qualquer a dizer que era ilegal. Como pode ser ilegal se há um manifesto de carga, preparado pela alfândega, para ele pagar?", questionou.
"Este país criou tantas polícias, que já ninguém sabe quem é quem. E todos querem mostrar serviço e nem sequer entendem claramente com que mandato foram criados", afirmou.
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