"Verificamos com pesar que de momento o diálogo estratégico entre a Rússia e os Estados Unidos da América (EUA), que possuem os maiores arsenais nucleares (...) permanece congelado por Washington", disse Lavrov numa mensagem por vídeo aos participantes na Conferência de Moscovo sobre a não-proliferação nuclear.
O chefe da diplomacia russa recordou que o último resultado palpável dos esforços conjuntos da Rússia e dos EUA residiu no acordo sobre o prolongamento por cinco anos do Tratado START III, o Novo START, de redução de armas estratégicas, até 5 de fevereiro de 2026.
"Devido à ausência de um contacto negocial para manter a estabilidade estratégica é claro que os problemas existentes se vão acumular. Isso poderá implicar uma multiplicação dos riscos", disse.
Lavrov sublinhou que a política dos EUA e da NATO, que aponta na prática para um conflito com a Rússia, representa uma "grave ameaça".
"É evidente que isso pode implicar um conflito direto entre potências nucleares de consequências catastróficas", sublinhou.
O ministro indicou que Moscovo tem sido forçado a enviar periodicamente "sinais de advertência" sobre a atual situação.
"Mas em vez de prestar atenção a estes sinais, o Ocidente desvirtua-os maliciosamente e acusam-nos de usar uma retórica de ameaça", frisou.
Os EUA suspenderam o diálogo sobre o controlo de armas após a intervenção militar da Rússia na Ucrânia, iniciada em fevereiro passado.
Por sua vez, a Rússia informou Washington em agosto sobre a sua decisão de proibir as inspeções norte-americanas 'in situ' do seu arsenal de armas nucleares, ao alegar dificuldades para efetuar as mesmas operações nos EUA devido às sanções ocidentais relacionadas com as autorizações de voo e concessão de vistos a funcionários russos.
Antes do reinício do diálogo em 29 de novembro passado no Egito, a Rússia prorrogou unilateralmente as reuniões da comissão executiva bilateral com os EUA sobre o Novo START.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Ribakov, justificou a decisão pela "falta de vontade" dos EUA em atender às prioridades russas e apenas centrar-se no seu desejo de retomar a inspeção do arsenal russo.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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