Um trabalhador migrante, de origem filipina, morreu durante a fase de grupos do Mundial’2022, no Qatar, enquanto fazia restaurações num resort de luxo, usado como base de treino da FIFA para a seleção da Arábia Saudita, segundo avança o site The Athletic.
Tudo terá acontecido durante a fase de grupos da competição, antes de a Arábia Saudita ser eliminada, e numa altura em que o Sealine Beach Resort - onde tudo aconteceu - estaria sob jurisdição da FIFA.
O site, que cita várias fontes anónimas, revela que o trabalhador, na casa dos quarenta anos, morreu após sofrer um acidente com uma empilhadora. Apesar dos meios de socorro se terem deslocado para o local, incluindo um helicóptero, o homem acabou por não resistir.
O incidente está a ser investigado pelo governo do Qatar, uma vez que terá acontecido numa via pública, dentro do resort, adjacente à área de treino, colocando-se assim de fora uma investigação por parte do Comité Supremo para Entrega e Legado do Qatar.
O homem, que trabalhava para a empresa Salam Petroleum, ter-se-á deslocado ao resort para arranjar as luzes de um estacionamento. As fontes levantaram questões relacionadas com a segurança no trabalho e, além disso, o trabalhador, bem como o condutor da empilhadora, não estavam acompanhados por um terceiro colaborador, que tem o dever de auxiliar o processo.
A polémica adensa-se uma vez que os trabalhadores do complexo dizem não ter sido informados oficialmente da morte do funcionário.
Ao site, fonte do governo garantiu uma compensação financeira para a família do homem, caso a investigação conclua que os "protocolos de segurança não foram seguidos".
“O incidente está a ser investigado pelas autoridades do Qatar. Se a investigação concluir que os protocolos de segurança não foram seguidos, a empresa estará sujeita a ações legais e severas penalidades financeiras. A compensação é paga através do Fundo de Apoio e Seguro aos Trabalhadores quando um trabalhador fica ferido ou morre devido a um incidente relacionado com o trabalho, ou quando um empregador não consegue pagar os salários", disse.
"Mais de 350 milhões de dólares foram pagos através do fundo este ano. A taxa de acidentes relacionados ao trabalho diminuiu consistentemente no Qatar desde que padrões rígidos de saúde e segurança foram introduzidos e a fiscalização foi intensificada por meio de inspeções regulares no local", acrescentou.
Já o Comité Supremo para Entrega e Legado do Qatar defendeu que "devido ao incidente referido ter ocorrido em propriedade fora da jurisdição do" Comité e o "falecido trabalhar como empreiteiro não sob a alçada do Comité, o "assunto está a ser tratado pelas autoridades governamentais relevantes" .
O Comité Supremo "está a acompanhar as mesmas autoridades relevantes para garantir que sejamos atualizados sobre os desenvolvimentos relativos à investigação regularmente e estabeleceu contato com a família do falecido para garantir que as informações relevantes sejam transmitidas".
Já FIFA disse estar "profundamente triste com esta tragédia".
"A FIFA está profundamente triste com esta tragédia e nossos pensamentos e condolências estão com a família do trabalhador. Assim que a FIFA tomou conhecimento do acidente, entramos em contato com as autoridades locais para solicitar mais detalhes. A FIFA estará em posição de fazer mais comentários assim que os processos relevantes em relação ao falecimento do trabalhador forem concluídos", rematou.
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