Vice do Parlamento Europeu detida em Bruxelas. Há suspeitas de corrupção
A casa da socialista grega Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, foi alvo de buscas, que acabaram com a sua detenção. Tanto Kaili como o companheiro estão sob investigação por corrupção.
© Getty Images
Mundo Qatar
A vice-presidente do Parlamento Europeu (PE) Eva Kaili foi detida esta sexta-feira, após a realização de buscas no seu domicílio, no âmbito de uma investigação sobre suspeita de corrupção envolvendo "um país do Golfo". Em causa estará um alegado lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas em Estrasburgo, segundo a imprensa belga. Em Atenas, o Partido Socialista Grego (Pasok-Kinal), do qual Kaili é membro, anunciou que esta foi "demitida".
Foram efetuadas, aliás, mais de quinze buscas por agentes do Gabinete Central de Combate à Corrupção de Bruxelas, avançou o jornal Le Soir. Para além de Kaili, mais quatro pessoas, consideradas suspeitas, foram detidas para serem ouvidas pelos investigadores liderados pelo juiz de instrução Michel Claise.
Tanto Kaili, que ocupa uma das 14 cadeiras da vice-presidência no Parlamento Europeu - como o seu companheiro, atual colaborador ligado ao grupo dos Socialistas e Democratas no PE, estão a ser investigados por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, e entre os detidos está também Luca Visentini, secretário-geral da Confederação Sindical Internacional.
Recentemente, a 'vice' do Parlamento Europeu publicou um tweet a elogiar o Qatar, país organizador do Campeonato do Mundo de futebol de 2022, após uma reunião com o ministro do Trabalho qatari. "Esta autoridade da União Europeia saúda o compromisso do Catar de continuar com as reformas trabalhistas após o Campeonato do Mundo de 2022 e deseja um bom torneio", pode-se ler.
O 'Le Soir' e o 'Knack' tinham avançado, esta manhã, a existência de uma investigação sobre um alegado caso de corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais iniciado pela Procuradoria-Geral da República da Bélgica em julho, por suspeita de que o Qatar teria tentado influenciar o posição do PE.
"Há vários meses que investigadores da polícia suspeitam que um Estado do Golfo tenta influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu", adiantou, hoje de manhã, o Ministério Público Federal belga em comunicado.
Este Estado teria executado esta estratégia através do "pagamento de quantias substanciais de dinheiro, e oferecendo presentes importantes a terceiros, a pessoas com uma posição política ou estratégica importante dentro do Parlamento Europeu", acrescentou.
Embora o Ministério Público belga não mencione explicitamente o Qatar, os dois meios de comunicação belgas citam várias fontes que confirmaram que se trata do país que organiza o Mundial de futebol.
No âmbito da investigação liderada por um juiz especializado em crimes financeiros, as buscas domiciliárias centraram-se em assessores parlamentares do PE.
O Ministério Público confirmou que durante as buscas foram apreendidos equipamentos informáticos, telemóveis e cerca de 600 mil euros em notas.
Ainda segundo os jornais belgas, foi localizado meio milhão de euros em numerário na casa de Panzeri, atualmente presidente da associação Fight Impunity, dedicada ao combate à impunidade por graves violações de direitos humanos ou crimes contra a humanidade.
Questionado sobre a investigação, um porta-voz do Parlamento Europeu disse à agência Efe que a instituição "não comenta processos judiciais" e que, "como sempre, coopera plenamente com as autoridades nacionais responsáveis".
Por outro lado, o grupo dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu referiu, em comunicado, estar "consternado com as acusações de corrupção nas instituições europeias", crime para o qual garante ter "tolerância zero", e que está disposto a cooperar "totalmente" com as autoridades judiciais para apoiar uma "investigação minuciosa e divulgação completa".
"Perante a gravidade das denúncias, até que sejam prestadas informações e esclarecimentos relevantes por parte das autoridades competentes, solicitamos a suspensão dos trabalhos sobre quaisquer dossiers e votações em plenário relacionados com os Estados do Golfo, em particular a liberalização de vistos e visitas planeadas", defendeu ainda este grupo na nota de imprensa.
[Notícia atualizada às 21h41]
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