EUA. Virgínia retira última estátua pública da Confederação esclavagista

Depois da morte de George Floyd, em 2020, intensificaram-se os pedidos por todo o país para retirar monumentos e estátuas que homenageiem generais do lado derrotado da Guerra Civil, que lutou para proteger a escravatura.

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Hélio Carvalho
12/12/2022 08:38 ‧ 12/12/2022 por Hélio Carvalho

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Racismo

A cidade de Richmond, no estado norte-americano do Virgínia, vai começar esta semana os trabalhos para remover o último monumento público da Confederação, em mais um marco para retirar símbolos esclavagistas e racistas de uma das cidades mais marcadas pela Guerra Civil nos Estados Unidos.

A estátua pertence ao general A.P. Hill, que foi morto nos últimos dias da guerra (que decorreu entre 1861 e 1865). Hill lutou pela Confederação, o lado derrotado da guerra, que era composto pelos estados que se separaram do resto do país para proteger um regime baseado na escravatura e na exploração de pessoas negras.

A remoção do monumento vai arrancar esta semana, depois de um juiz ter rejeitado um recurso dos familiares indiretos do general, que tentaram atrasar as obras. A operação também foi complicada pelo facto de os restos mortais de A.P. Hill terem sido enterrados debaixo da estátua em 1891.

É mais um episódio na longa série de batalhas das organizações de direitos civis contra símbolos da escravatura. A luta pela remoção destes símbolos já é antiga mas, depois da morte de George Floyd em 2020, cresceram pelos Estados Unidos e por todo o mundo (incluindo em Portugal) os pedidos para retirar e/ou recontextualizar estes monumentos, que muitos consideram ser formas modernas de homenagear personagens ligadas à opressão de minorias étnicas e recordar essas eras dolorosas (especialmente para as pessoas negras nos Estados Unidos).

Outros continuam a defender que estes monumentos são meramente marcos históricos, de uma altura que não deve ser apagada. No entanto, a verdade é que a grande maioria das estátuas de generais da Confederação foram construídas já no século XX, durante a implementação das leis segregacionistas 'Jim Crow', que limitaram os direitos sociais e cívicos da comunidade negra nos Estados Unidos até 1965. Houve também um grande esforço por parte de associações e historiadores conservadores, em estados confederados,. de reconfigurar a imagem pública destes figuras, catalogando-as como defensores dos direitos dos estados, e não da escravatura.

A cidade de Richmond, outrora a capital da Confederação, começou a retirar estátuas precisamente há dois anos. O monumento a A.P. Hill fica localizado numa movimentada rotunda em Richmond e, citado pela Associated Press, um oficial autárquico não esclareceu se os trabalhos ficaram concluídos esta semana.

A estátua será levada para um museu dedicado à história da comunidade afroamericana, no centro da cidade de Richmond. Os familiares indiretos queriam que este fosse deslocado para um memorial junto a um antigo campo de batalha da Guerra Civil.

Richmond já gastou pelo menos 1,8 milhões de dólares em trabalhos para remover símbolos da Confederação. Muitos foram realocados para museus, onde a história das personagens e a sua ligação à escravatura foi enfatizada.

Leia Também: EUA. Senador acusado de racismo por atacar reparações pela escravatura

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