A Transportadora de Gás do Peru (TGP) revelou, em comunicado, que os manifestantes forçaram o acesso à central, onde circulam hidrocarbonetos em alta pressão, e alertou que "qualquer ataque a esta infraestrutura pode comprometer seriamente a integridade" das pessoas presentes.
A empresa, encarregada de transportar aproximadamente 96% do gás natural que o Peru produz, acrescentou que as pessoas que participaram na tomada da fábrica são da cidade de Kepashiato, na província de Cuzco de La Convención.
Em resposta à invasão, o TGP ativou o seu plano de contingência e notificou as autoridades competentes para "reporem a ordem" na zona, noticiou a agência Efe.
A ocupação desta central de processamento de gás natural insere-se no contexto da eclosão de protestos que o Peru vive desde quarta-feira, quando o então Presidente Castillo lançou uma tentativa de golpe de Estado ao determinar a destituição do Congresso, a constituição de um governo de emergência e a reorganização do sistema de justiça.
Esta crise política, que culminou com a destituição e detenção de Castillo e a subida ao poder da sua vice-Presidente, Dina Boluarte, resultou em manifestações em várias regiões do país, sobretudo na zona sul, que já causaram seis mortos e centenas de feridos.
A elite política e a oligarquia de Lima sempre desdenharam Castillo, um professor rural de origem indígena e dirigente sindical sem ligações às elites, sobretudo apoiado pelas regiões andinas desde as eleições presidenciais que venceu por curta margem na segunda volta contra a candidata de extrema-direita Keiko Fujimori, a filha do anterior presidente Alberto Fujimori, condenado em 2009 a 25 anos de prisão, que não cumpriu na totalidade.
Dina Boluarte, que ocupava a vice-presidência até à sua investidura na passada quarta-feira após a destituição de Castillo, anunciou inicialmente eleições gerais para 2026, mas de seguida indicou ter "compreendido a vontade dos cidadãos" e disse ter "decidido tomar a iniciativa de um acordo (...) para avançar com eleições gerais em abril de 2024".
No entanto, os manifestantes continuam a exigir a dissolução do Congresso (o parlamento unicameral), eleições imediatas e uma nova Constituição.
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