Profissionais de saúde de cidades ocupadas abrem hospital em Kyiv
Os médicos e enfermeiros de hospital de Mariupol recordaram os horrores passados durante o cerco russo.
© Getty
Mundo Ucrânia/Rússia
Um grupo de médicos e enfermeiros de cidades ocupadas por russos na Ucrânia juntaram-se, em Kyiv, para abrir um novo hospital dedicado aos civis desalojados pela guerra.
No novo centro de saúde, estão cerca de 30 trabalhadores do Hospital N.º 2 de Mariupol, uma das cidades mais destruídas pela invasão, e cerca de 30 especialistas de uma unidade de cardiologia de Kramatorsk, que está agora sob controlo ucraniano.
Uma reportagem da Associated Press no hospital cita alguns dos médicos presentes, que recordam as enormes dificuldades em lidar com os civis feridos pelos bombardeamentos russos.
"Lembro-me de toda a gente, desde a primeira rapariga a entrar às últimas duas crianças, que nos chegaram pouco antes do hospital ser ocupado", disse Dmytro Gravo, um enfermeiro de um hospital de Mariupol. De recordar que a cidade portuária esteve sob um longo cerco pelos russos, com a restante população a refugiar-se durante meses na fábrica de Azovstal. Estima-se que tenham morrido milhares de pessoas na região, cuja tomada foi considerada uma das maiores vitórias até agora das forças russas.
Ukraine: Doctors from occupied city open hospital in Kyiv (from @AP) By @VasilisaUKR & @lhinnant https://t.co/7ymPjuSPxW
— E. Eduardo Castillo (@EECastilloAP) December 14, 2022
Maryna Gorbach, uma enfermeira do mesmo hospital em Mariupol, da unidade de neurologia, recordou os tempos como profissional de saúde, mas também como paciente, depois de ter sido atingida por uma bala no maxilar, a 11 de março. Gorbach estava no local quando os russos ocuparam as instalações.
"Eles contavam os pacientes, os funcionários, para que ninguém saísse. Eles diziam que disparavam qualquer médico que saísse", contou. A 16 de março, uns colegas envolveram-na em mantas e levaram-na na mala de um carro.
Gorbach prometeu a si mesma que nunca voltaria a trabalhar em saúde, mas em Kyiv, encontrando os colegas, "o desejo de viver voltou". "Todos passámos por algo duro juntos. Por isso, entendemo-nos uns aos outros", refletiu.
Um recente relatório duma autoridade nacional de saúde estima que 80% das infraestruturas de saúde de Mariupol tenham sido destruídas. Já a Organização Mundial de Saúde já documentou cerca de 715 ataques contra unidades de saúde ucranianas durante a guerra.
O conflito na Ucrânia já fez quase 6.700 mortos civis, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a entidade adverte que o real número de mortos poderá ser muito superior, devido às dificuldades em contabilizar os mortos em zonas sitiadas ou ocupadas pelos russos, como em Mariupol, por exemplo, onde se estima que tenham morrido milhares de pessoas.
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