'Desinformação'. Turquia detém 1.º jornalista após 'luz verde' a nova lei

Sinan Aygül pode enfrentar agora uma pena de até três anos de prisão.

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Teresa Banha
15/12/2022 17:31 ‧ 15/12/2022 por Teresa Banha

Mundo

Turquia

As autoridades turcas prenderam o primeiro jornalista sob o pretexto de uma nova lei no país, que muitos jornalistas defendem que é uma ameaça para a liberdade de imprensa e que pode ser usada de forma abusiva pela polícia.

Citado pelo Guardian, o advogado do jornalista explicou, esta quinta-feira, que Sinan Aygül, foi detido por alegadamente espalhar "desinformação".

A detenção ocorreu na quarta-feira, cerca de dois meses depois de os deputados do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), do presidente Recep Tayyip Erdogan, terem dado 'luz verde' à iniciativa.

A ação das autoridades decorreu depois de o jornalista, que está em Bitlis, zona de maioria curda, ter partilhado no Twitter a história de uma adolescente, de 14 anos, que teria sido sexualmente abusada por homens, incluindo agentes da polícia e soldados. Numa série de tweets posteriores, Aygül disse que o governador local lhe tinha dito que a história não era verdadeira.

"Há uma situação que preciso de corrigir sobre esta notícia que fiz com base nas informações que recebi hoje. ´É possível que a informação que tenha recebido esteja incompleta ou incorreta  Recebi a informação incompleta ou incorreta. Partilhei-a depois de ter tentado confirmar, mas, nestes casos, a informação não é facilmente obtida pelas instituições relevantes", escreveu nas redes sociais, na terça-feira.

"Não foi correto da minha parte partilhá-lo com o público sem estar convencido. Como sempre, foi continuar atento a este caso, mas peço desculpa a todos por partilhá-lho sem confirmar", rematou, depois de admitir que a reação de um dos responsáveis pelo governo local teria sido "essencial", a não ser que ele pudesse provar que o caso tinha mesmo acontecido.

O jornalista, que é também o presidente da Associação de Jornalistas de Bitlis, ficou em prisão preventiva, a partir de quarta-feira, com as autoridades a defenderem que as suas ações podia levar ao pânico entre o público e que podiam desestabilizar a paz no país dada a sua audiência.

No seu testemunho ao tribunal, o jornalista terá dito que corrigiu o seu erro depois de falar com as autoridades, apagou o tweet inicial e que não tinha intenção de cometer um crime. Já o advogado, defende que a usa prisão não foi justificada. "A implementação desta legislação - que foi utilizada pela primeira vez, pelo que sabemos - a ser interpretada desta forma pela justiça deixa-nos preocupados que semelhantes investigação e detenções podem vir a aumentar no futuro", declarou à Reuters.

A lei em questão prevê até três anos de prisão, e é defendida porque quem lhe deu 'luz verde' como uma forma de combate à desinformação.

Leia Também: Elton John sai do Twitter e culpa a "desinformação"

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