Em 1 de dezembro, antes da divulgação pública do escândalo já conhecido como 'Qatargate', o Comité de Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos do Parlamento Europeu (PE) votou a liberalização dos vistos para cidadãos deste país do golfo Pérsico.
Citadas pela agência noticiosa espanhola EFE, fontes do grupo parlamentar dos Socialistas e Democratas (S&D) - ao qual pertencia a eurodeputada grega -, afirmaram que Eva Kaili, afastada do cargo de vice-presidente do PE após as revelações sobre o alegado esquema de subornos, votou a favor da liberalização de vistos para cidadãos do Qatar naquela comissão parlamentar à qual não pertencia.
Na ocasião, Kaili "não era membro, nem suplente daquela comissão parlamentar", mas o documento sobre o resultado da votação, que pode ser consultado no 'site' do PE, mostra que a política grega "votou a favor da liberalização dos vistos", indicaram as mesmas fontes.
As fontes referiram ainda que Kaili compareceu na comissão parlamentar no dia da votação "sem aviso prévio" e "sem constar da lista de deputados" que iriam votar a liberalização dos vistos a 1 de dezembro.
Citadas pela EFE, as fontes, que não são identificadas, reconheceram que se tratou de um comportamento "altamente invulgar e irregular".
"Além disso, sentou-se num lugar no fundo da sala e não se sentou onde estava a delegação do S&D", apontaram as fontes.
A informação seria transmitida à liderança do grupo político no dia seguinte à votação e foi iniciado um processo disciplinar, de acordo com as fontes.
À EFE, as fontes indicaram que a presidente do grupo S&D, a deputada espanhola Iratxe García Pérez, já tinha agendado uma reunião com Kaili para discutir este "comportamento irregular", referindo ainda que a bancada pediu que o relatório sobre a liberalização dos vistos fosse reenviado à comissão, em vez de avançar com a votação em plenário.
A par de Eva Kaili, também estão detidos no âmbito do 'Qatargate' o companheiro da deputada grega e assessor, o italiano Francesco Giorgi, o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, e o lobista e diretor da organização não-governamental (ONG) Sem Paz Sem Justiça, Niccolò Figà-Talamanca, também italiano.
Todos eles são acusados no âmbito da investigação, ainda em curso e conduzida pelas autoridades belgas, de participação numa organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção, para defender nas instituições europeias os interesses do Qatar (anfitrião da edição 2022 do Mundial de Futebol), que já negou o envolvimento em tentativas de corrupção.
O PE aprovou na quinta-feira uma resolução que suspende todos os dossiês legislativos relacionados com o Qatar e propõe que representantes dos interesses deste país sejam impedidos de entrar nos edifícios da instituição.
A isenção de vistos a nacionais do Qatar é um dos dossiês que fica suspenso, ao abrigo da resolução, bem como todas as visitas de eurodeputados ao país.
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