"Todo o mundo falou com desdém sobre o importante teste para o desenvolvimento de satélites de reconhecimento que anunciamos ontem [segunda-feira]", disse Kim Yo-jong, uma das responsáveis pela propaganda na Coreia do Norte, num artigo publicado pela agência de notícias estatal KCNA.
Os meios de comunicação social norte-coreanos publicaram, na segunda-feira, duas fotografias de Seul, e da cidade vizinha, Incheon, alegadamente tiradas do satélite de reconhecimento, lançado a partir do noroeste do país.
Muitos especialistas do Sul questionaram a capacidade do dispositivo de tirar estas fotografias e sublinharam a baixa resolução das imagens.
"Será que ninguém pensou como é inadequado e negligente avaliar a nossa capacidade de desenvolver satélites e o nosso progresso com base nas duas fotografias tiradas com a câmara de teste que publicámos no jornal?" perguntou a irmã de Kim Jong-un.
Kim Yo-jong, a empregar mais uma vez linguagem muito dura, questionou ainda se os analistas acreditam realmente que a Coreia do Norte publicaria deliberadamente fotografias de baixa resolução para que "marionetas sul-coreanas possam ver e criticar" e exortou os especialistas a "pensar com cuidado e a usar o bom senso".
A responsável criticou ainda a resposta do Ministério da Unificação da Coreia do Sul, que condenou na segunda-feira o lançamento, classificando-o como uma ameaça à "paz e estabilidade na região".
"Pensam que dizer algo assim pode mudar o rumo do que vai acontecer num futuro próximo? Que estúpidos", concretizou.
O regime norte-coreano anunciou que quer ter o satélite de reconhecimento militar, um dos objetivos do programa de modernização de armamento, pronto em abril.
Pyongyang disse ter lançado no domingo "um satélite de teste de ângulo aberto a uma altura de 500 quilómetros equipado com uma câmara pancromática para um teste de resolução de 20 metros, duas câmaras multiespectrais, transmissor de vídeo, transmissores e recetores de diferentes bandas, dispositivos de controlo e baterias", de acordo com a KCNA.
No domingo, os militares sul-coreanos detetaram o lançamento de dois mísseis balísticos de médio alcance (MRBMs) de Tongchang-ri, onde fica Sohae, local onde o regime na quinta-feira testou um novo motor de combustível sólido que pretende usar para futuros mísseis de longo alcance.
Os projéteis voaram cerca de 500 quilómetros antes de caírem no mar do Japão, segundo o Estado-Maior Conjunto (JCS) sul-coreano.
O teste foi feito para "avaliar a capacidade e estabilidade no processamento e estabilidade dos dispositivos de transmissão e verificar a confiabilidade do sistema de controlo de solo, incluindo o controlo de filmagem e o controlo de atitude de vários dispositivos de filmagem num ambiente apropriado que simule o ambiente espacial", explicou um porta-voz da Administração de Desenvolvimento Aeroespacial norte-coreana, no texto da KCNA.
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