O antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, apontou o dedo ao primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que apelidou de “hipócrita” por ter apelado à retirada das tropas de Moscovo da Ucrânia antes da possibilidade de um cessar-fogo, dado o papel do Reino Unido na colonização de diversos povos.
“Todos os políticos britânicos são raros senhores e hipócritas. Aqui está um jovem primeiro-ministro com um sobrenome anteriormente incomum para a ‘Foggy Albion’ [termo usado pela Rússia para descrever a Grã-Bretanha], [que disse que] até que a Rússia retire suas tropas do território da Ucrânia, não pode haver negociações”, começou por apontar o responsável, na sua página da rede social Telegram, referindo-se às declarações proferidas pelo primeiro-ministro britânico no âmbito da cimeira da Força Expedicionária Conjunta, que contou com a intervenção do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na segunda-feira.
Medvedev foi mais longe, atirando que esta afirmação surge “apesar do facto de que, em todo o lado, e inoportunamente, com todos os dentes, os anglo-saxões [dizerem que] os próprios ucranianos decidirão se negociarão connosco ou não. Mentiras, duplicidade e cinismo ultrajante”, acusou.
“É melhor deixar os britânicos finalmente retirarem-se das Ilhas Malvinas e devolvê-las aos argentinos. As Malvinas não são da Grã-Bretanha, mas da Argentina! E a seleção argentina [teve] uma merecida vitória no futebol. Que continue assim no campo da política externa!”, rematou.
De notar que Sunak anunciou, durante a reunião em Riga, que o Reino Unido vai enviar à Ucrânia "centenas de milhares de munições de artilharia" em 2023, num pacote de ajuda avaliado em 304 milhões de dólares (cerca de 287 milhões de euros).
O chefe do Governo apelou ainda aos restantes membros do grupo para fornecer à Ucrânia mais meios de defesa aérea, artilharia e veículos, exortando Moscovo a retirar as suas tropas do "território conquistado", para permitir que as negociações de paz comecem.
“Devemos deixar claro que qualquer pedido unilateral de cessar-fogo da Rússia é completamente sem sentido no contexto atual”, disse.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo dados os mais recentes da Organização as Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram 6.755 civis desde o início da guerra e 10.607 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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