Joe Biden: "São 300 dias de uma ofensiva não provocada e injustificada"

Os presidentes ucraniano e norte-americano reuniram-se, esta quarta-feira, naquela que é a primeira viagem de Zelensky ao estrangeiro desde o início da guerra na Ucrânia.

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© Alex Wong/Getty Images

Ema Gil Pires
21/12/2022 21:48 ‧ 21/12/2022 por Ema Gil Pires

Mundo

Guerra na Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse esta quarta-feira que decorreram já "300 dias de uma ofensiva não provocada e injustificada", aludindo ao contexto da guerra na Ucrânia. "É ultrajante o que ele [Vladimir Putin] está a fazer", considerou, fazendo referência ao presidente da Rússia.

"São 300 dias [da Ucrânia] a mostrar à Rússia e ao mundo a sua espinha dorsal de aço, o amor pelo seu país e a sua determinação inquebrável", acrescentou ainda o chefe de Estado norte-americano, que fez questão de recordar que a "Rússia continua a tirar a vida a crianças" ucranianas no decorrer da sua invasão, que dura já há quase dez meses.

As declarações foram proferidas no decorrer da conferência de imprensa conjunta com os presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, Joe Biden e Volodymyr Zelensky, que se seguiu ao encontro entre ambos que aconteceu, esta tarde, na Casa Branca. 

Recordando que, ao longo dos últimos tempos, ambos têm conversado bastante ao telefone, para discutir as temáticas referentes ao conflito, Joe Biden destacou os "ataques brutais" que têm sido levados a cabo pelas tropas russas e que têm sido direcionados, nomeadamente, a "infraestruturas críticas do país" invadido.

Porém, os militares ucranianos têm sido capazes de mostrar-se à altura do desafio, considerou Biden: "A Ucrânia ganhou a batalha de Kyiv, ganhou a batalha de Kharkiv, ganhou a batalha de Kherson. A Ucrânia tem desafiado as expectativas da Rússia em cada momento".

Apesar disso, o chefe de Estado norte-americano não prevê que Vladimir Putin tenha "qualquer intenção de pôr fim a esta guerra cruel". Mas, ainda assim, acredita que o exército invasor "vai falhar e já está, inclusive, a falhar" na sua missão - até porque não "há forma de ocupar toda a Ucrânia e de isso ser aceite pelos ucranianos".

Quanto ao papel da NATO neste conflito, o chefe de Estado daquela que é tida como a principal potência militar do mundo quis reforçar que a união da Aliança Militar é, neste momento, inegável, ao contrário do que seria esperado pelo presidente russo. “Nunca vi a NATO tão unida”, assegurou.

Antes da reunião, sabia-se já que os Estados Unidos iam fornecer uma ajuda militar adicional, no valor de 1,85 mil milhões de dólares (1,75 mil milhões de euros), à Ucrânia - algo que foi confirmado no decorrer desta conferência de imprensa. Do pacote de ajuda faz parte, nomeadamente, uma bateria de mísseis Patriot, para robustecer a capacidade de defesa aérea do país - um equipamento que, até ao momento, não tinha sido fornecido aos militares ucranianos.

A propósito deste tema, Joe Biden ressalvou que, numa altura em que a "Rússia está a usar o inverno como arma", os mísseis Patriot serão uma "importante arma" para fazer face às investidas no terreno. Os Estados Unidos comprometem-se, assim, a apoiar a Ucrânia "pelo tempo que for necessário", voltou a reforçar, à semelhança do que tinha já feito por outras vezes.

De seguida, foi a vez Volodymyr Zelensky fazer referência a este mesmo equipamento de defesa Patriot, destacando que o mesmo "é um passo muito importante para criar um espaço aéreo seguro para a Ucrânia".

O presidente ucraniano, durante a sua intervenção na Casa Branca, considerou assim que trará "boas notícias quando regressar a casa", à Ucrânia, fazendo referência a este "novo pacote" de material de defesa. "Só dessa forma seremos capazes de privar o país terrorista dos seus ataques ao nosso setor energético, às nossas pessoas e às nossas infraestruturas", destacou.

O chefe de Estado ucraniano agradeceu ainda a Joe Biden o "apoio cândido" e por "compreender" a missão levada a cabo pela Ucrânia. "Estou grato ao presidente Biden pelos seus passos e esforço pessoal, na tentativa de unir os parceiros a nível internacional", acrescentou ainda.

Durante a reunião entre ambos, esta quarta-feira, foram discutidos os "passos estratégicos" a tomar para dar resposta ao conflito iniciado pela Rússia, "o que esperam para 2023 e para o que se preparam" em conjunto. "Isso é muito importante para todos os ucranianos e eu estou bastante esperançoso", apontou o presidente Zelensky.

A propósito da sua visita a Washington, o chefe de Estado ucraniano considerou que se tratava de um "momento histórico para a relação" entre ambos os países e as suas "lideranças".

E elaborou: "Nos últimos 30 dias desta guerra, nós demos início a uma nova fase da nossa relação com os Estados Unidos. Tornámo-nos verdadeiros parceiros e aliados". 

A propósito de uma eventual viragem política no Congresso dos Estados Unidos, Zelensky mostrou-se confiante de que, independentemente de quaisquer mudanças que possam ocorrer, continuará a existir um apoio bipartidário ao esforço militar da Ucrânia.

Recorde aqui a conferência de imprensa:

O chefe de Estado ucraniano seguirá para o Capitólio, onde se espera que discurse perante o Congresso norte-americano, por volta das 00h30 (hora de Portugal Continental).

A visita do presidente da Ucrânia aos Estados Unidos, esta quarta-feira, tratou-se da sua primeira viagem ao estrangeiro desde o início do conflito no país, a 24 de fevereiro.

A guerra no leste europeu tem motivado uma forte onda de apoio à Ucrânia e de condenação à Rússia por parte dos países ocidentais. Os Estados Unidos têm-se apresentado, recorde-se, como um dos principais aliados do país invadido, através do fornecimento de vários pacotes de apoio financeiro, militar e humanitário ao país liderado por Zelensky.

Segundo os mais recentes cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU), o conflito, que dura há praticamente dez meses, provocou um total de 6.755 civis mortos e 10.607 feridos.

[Notícia atualizada às 22h28]

Leia Também: Ajuda militar à Ucrânia? EUA enviam 1,75 mil milhões e mísseis Patriot

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