Familiares do presidente sérvio em "lista de prisões" de deputado kosovar

O governo da Sérvia e o principal partido dos sérvios do Kosovo denunciaram hoje a existência de uma "lista de prisões" publicada por um deputado albanês kosovar e que inclui o irmão e o filho do Presidente, Aleksandar Vucic.

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© Oliver Bunic/Bloomberg via Getty Images

Lusa
23/12/2022 17:03 ‧ 23/12/2022 por Lusa

Mundo

Sérvia

A primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic, denunciou a lista, publicada pelo deputado Armend Muja, do partido Vetëvendosje (Movimento para a autodeterminação) do primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, como uma prática habitual entre as autoridades do Kosovo, "com a única diferença de que agora foi tornada pública", descrevendo-a como "uma nova provocação, uma nova desestabilização da região, uma nova tentativa de caos".

A chefe do Governo sérvio pediu à comunidade internacional que "deixe de ignorar" esta género de publicações que estão a ocorrer "em pleno coração da Europa no século XXI e sob o olhar da NATO e da missão civil da União Europeia [EULEX]".

Por sua vez, a Lista Sérvia (SL), a principal força política dos sérvios do Kosovo, repudiou a publicação da lista -- na qual o irmão e o filho de Vucic são acusados de alegada cumplicidade com "organizações criminais" -- como uma "ferramenta dos sequazes" do chefe do Governo do Kosovo para "efetuar um linchamento público que coloca uma espada na cabeça" de Danilo e Andrej Vucic.

A Lista Sérvia, a formação dominante nos municípios de maioria sérvia do norte do Kosovo, decidiu abandonar a sua presença institucional em meados de novembro, ao denunciar uma crescente discriminação pelas autoridades de Pristina e detenções arbitrárias pela polícia albanesa kosovar.

Na lista divulgada no Facebook, o deputado albanês denuncia a existência de "bandos criminais" no dividido município de Mitrovica (em particular no norte, de maioria sérvia) e onde destaca a designada Brigada do Norte, que relaciona com Danilo Vucic, irmão do Presidente da Sérvia, para além de indicar que o seu filho, Andrej, está ligado a "organizações de extrema-direita vinculadas à Rússia" que deveriam ser declaradas "organizações terroristas".

A Lista Sérvia definiu o texto de Muja como um exemplo de "perseguição" contra a população sérvio kosovar, que pela segunda semana consecutiva mantém barricadas em diversas estradas da região perto da fronteira com a Sérvia, e como uma manifestação do seu "desacordo com a corda que Kurti quer pôr-lhes no pescoço", indica um comunicado divulgado pela televisão estatal sérvia RTS.

O aumento das tensões na última semana impeliu Belgrado a pedir à NATO autorização para enviar forças militares e policiais sérvias para o norte do Kosovo e integradas na missão internacional, um pedido sem precedentes.

A missão da NATO no Kosovo (Kfor, presente desde 1999) recusou o pedido e reforçou a sua presença na zona, em particular no posto fronteiriço de Jarinje.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral da sua ex-província do sul, autoproclamada em 2008 na sequência de uma guerra iniciada por uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,8 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente, cujo Governo pretende impor a sua autoridade em todo o território, foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

Na terça-feira, o Governo espanhol assegurou que o país não apoiará a candidatura do Kosovo de adesão à União Europeia (UE), pelo facto de não ter legitimado a secessão da ex-província sérvia.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Belgrado e os sérvios kosovares também acusam Pristina de bloquear sistematicamente a formação de uma associação de municípios sérvios, prevista nos acordos entre as duas partes assinados em 2013 e mediados pela UE, que permitiria um assinalável grau de autonomia a esta comunidade.

Leia Também: Líder dos sérvios bósnios prosseguirá política secessionista

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