Kremlin diz estar concentrado "nas suas próprias condições" para a paz
O porta-voz do Kremlin rejeitou hoje as condições propostas pela Ucrânia para realizar uma cimeira de paz até final de fevereiro, destacando que a Rússia apenas se concentra "nas suas próprias condições" e "no bom senso".
© Reuters
Mundo Ucrânia/Rússia
Em entrevista à agência Associated Press (AP), o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse hoje que o seu Governo tenciona realizar uma cimeira de paz até final de fevereiro, preferencialmente na ONU e com o secretário-geral, António Guterres, como mediador.
Questionado sobre se Kyiv convidaria Moscovo para a cimeira, Kuleba respondeu que primeiro a Rússia esse país precisa de aceitar ser processado por crimes de guerra num tribunal internacional.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano minimizou os comentários das autoridades russas de que estão prontos para negociações.
"Eles dizem regularmente que estão prontos para negociações, o que não é verdade, porque tudo o que fazem no campo de batalha prova o contrário", concluiu o chefe da diplomacia ucraniana.
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu a Kyiv sublinhando que a Rússia "nunca seguiu as condições estabelecidas por outros".
"[A Rússia] Apenas se concentra nas suas próprias [condições]. E no bom senso", destacou, citado pela agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
Na semana passada, um porta-voz do Kremlin tinha realçado que nenhum plano de paz ucraniano pode ter sucesso sem levar em conta "as realidades de hoje que não podem ser ignoradas", numa referência à exigência de Moscovo de que a Ucrânia reconheça a soberania da Rússia sobre a Crimeia, anexada pelos russos em 2014, bem como outras conquistas territoriais.
Durante a entrevista à AP, Kuleba disse ainda que a Ucrânia fará tudo para vencer a guerra em 2023, acrescentando que a diplomacia desempenha um papel importante nesse desfecho.
"Toda a guerra termina de forma diplomática. Toda a guerra termina como resultado das ações tomadas no campo de batalha e na mesa de negociações", argumentou o chefe da diplomacia ucraniana, anunciando que gostaria de ver uma cimeira de paz até ao final de fevereiro.
Na segunda-feira, a Ucrânia pediu aos Estados-membros da ONU que privem a Rússia de seu estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança e que a excluam do órgão mundial.
Kuleba defendeu ainda que a Rússia nunca passou pelo procedimento legal para se tornar membro e ocupar o lugar da URSS no Conselho de Segurança da ONU após o colapso da União Soviética.
"Este é o começo de uma batalha difícil, mas vamos lutar, porque nada é impossível", garantiu à AP.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Leia Também: Kuleba sugere cimeira em fevereiro e elogia "integridade" de Guterres
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com