O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou, esta quarta-feira, que Henry Kissinger, antigo secretário de Estado norte-americano, admitiu abertamente que o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, está em guerra com a Rússia pela Ucrânia e acusou Washington de não permitir que Kyiv continue as negociações de paz, uma vez que ainda não "esgotaram" Moscovo, como os "americanos" desejam.
Lavrov fez estas e outras declarações numa entrevista ao programa Great Game, do Channel One, transmitida esta quarta-feira, segundo a agência estatal russa TASS.
Numa das partes da entrevista, Lavrov começou por referir que leu o artigo de opinião de Kissinger publicado na revista The Spectator, no passado dia 17 de dezembro.
"É surpreendente que ninguém tenha prestado atenção à frase mencionada neste artigo como algo natural. Diz o seguinte: 'duas potências nucleares contestam uma Ucrânia convencionalmente armada'", disse o diplomata russo.
É de realçar que em causa está a frase: "Enquanto os líderes mundiais lutam para acabar com a guerra em que duas potências nucleares disputam um país com armas convencionais, eles também devem refletir sobre o impacto desse conflito".
"Provavelmente é um deslize freudiano, embora Henry Kissinger seja um homem sábio e não diga nada sem motivo. Mas é uma confissão aberta e franca de quem está em guerra com quem", disse o ministro russo, acrescentando que "o Ocidente coletivo, encabeçado pela potência nuclear - os Estados Unidos da América – estão a lutar" contra a Rússia.
Numa outra parte da entrevista, Lavrov afirmou ainda que os Estados Unidos não estão a permitir que Kyiv continue a negociar com Moscovo, esperando esgotar a Rússia.
"Agora todos estão a falar novamente sobre a necessidade de negociações, mas eles acusam-nos imediatamente de nos recusarmos a negociar, embora Putin tenha repetidamente dito que não há propostas sérias", afirmou Lavrov. "O exemplo da reunião de Istambul mostrou claramente que, mesmo naquela época, os EUA disseram a Kyiv para se conter: 'Ainda não. Não esgotaram a Rússia na medida em que nós, americanos, consideramos suficiente'", acrescentou.
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