O procurador-geral, Ladji Sara, disse em comunicado que os 46 militares foram condenados por "ataque e conspiração contra o governo" e por "minarem a segurança externa do Estado".
Quanto às três mulheres militares da Costa do Marfim libertadas no início de setembro por Bamako, foram condenadas à morte à revelia, na sequência do julgamento realizado entre quinta-feira e hoje no Tribunal de Recurso de Bamako, capital do Mali.
O tribunal impôs ainda aos acusados uma multa de dois milhões de francos CFA (cerca de três mil euros).
O julgamento terminou dois dias antes do fim do prazo estabelecido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) à junta do Mali para libertar os 46 soldados, que expirava a 01 de janeiro, e uma semana após o ministro da Defesa da Costa do Marfim ter assegurado que o caso estava "a caminho da resolução", após uma visita oficial a Bamako.
A 10 de julho, 49 soldados marfinenses, descritos como "mercenários", foram detidos no Mali e depois acusados, em meados de agosto, de "tentativa de minar a segurança externa do Estado" e formalmente presos. Mais tarde, três mulheres foram libertadas.
Abidjan afirma que aqueles militares estavam numa missão para as Nações Unidas, como parte de operações de apoio logístico à missão da ONU no Mali (Minusma), e sempre exigiu a sua libertação. A Minusma corroborou esta informação, indicando que os soldados detidos "não pertenciam aos contigentes" da missão, mas permaneciam há anos no Mali no âmbito de um apoio logístico aos capacetes azuis.
A visita de uma delegação oficial marfinense decorreu dentro de um espírito "fraterno", que culminou com a assinatura de um memorando.
O conteúdo das discussões sobre os militares marfinenses não foi tornado público, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, falou à imprensa de um "incidente infeliz", enquanto o ministro da Defesa marfinense falou de um "mal-entendido".
O julgamento decorreu à porta fechada e sob forte vigilância das forças de segurança, de acordo com a agência France-Presse (AFP).
"Após o caso ter sido investigado pelo sistema de justiça militar, inscrevemo-lo para ser encaminhado para um julgamento especial sem audiência pública", disse, na quinta-feira, um responsável do tribunal de recurso de Bamako.
"O que temos de recordar é que o Tribunal de Recurso de Bamako julgará os 46 soldados marfinenses detidos a 10 de julho de 2022 no aeroporto de Bamako com armas", acrescentou.
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