Lula promete "governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras"

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu hoje num discurso para seus apoiantes no Palácio do Planalto, logo após receber a faixa presidencial, que governará para 215 milhões de brasileiros e não apenas para os seus eleitores.

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Lusa
01/01/2023 21:40 ‧ 01/01/2023 por Lusa

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"Quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado", afirmou o novo Presidente brasileiro, num discurso em que se mostrou várias vezes emocionado.

"A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria", acrescentou.

O líder progressista lembrou um discurso que fez após o resultado da segunda volta da eleição presiencial, em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o Brasil.

"Não existem dois brasis. Somos um único país, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca", afirmou.

"Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, nós sabemos que é sempre tempo de replantio, e que a primavera há de chegar. E a primavera já chegou. Hoje, a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança", completou.

O Presidente brasileiro também reafirmou o seu compromisso de campanha que será lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e prometeu que trabalhará para que cada pessoa o direito a alimentação, referindo-se aos 33 milhões de brasileiros que atualmente passam fome.

"A fome é filha da desigualdade, que é mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais, ao dividi-lo em partes que não se reconhecem", disse Lula da Silva.

Enquanto falava, Lula da Silva emocionou-se e foi interrompido algumas vezes pelos seus apoiantes que lotaram o espaço defronte do Palácio do Planalto para ouvir o seu primeiro discurso à população, chamando-o "guerreiro do povo brasileiro."

O governante também mencionou que no país existe um "tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo."

"Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna", disparou Lula da Silva, frisando a enorme desigualdade social presente no país.

Lula da Silva tomou hoje posse como 39.º Presidente da República Federativa do Brasil, com um mandato que vai até 31 de dezembro de 2026.

Depois de passar pelo Congresso, o novo Presidente do Brasil seguiu para o Palácio do Planalto onde subiu a rampa em frente à Praça dos Três Poderes para discursar diante de um público de até 40 mil pessoas, limite autorizado pela segurança.

Os organizadores estimaram que pelo menos 300 mil pessoas estão em Brasília para a posse do líder progressista num evento que conta com um festival de música.

Lula da Silva irá ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, para acolher uma receção fechada ao público com vários convidados de mais de 65 delegações estrangeiras, entre os quais chefes de Estado, vice-presidentes, chefes da diplomacia, enviados especiais e representantes de organismos internacionais.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e o antigo primeiro-ministro e amigo pessoal de Lula da Silva, José Sócrates, marcarão presença nas celebrações.

Também os presidentes de Angola, João Lourenço; de Timor-Leste, José Ramos-Horta; de Cabo Verde, José Maria Neves; da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, deverão marcar presença.

Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) é o primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil. Candidato seis vezes à Presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto mais importante do comando político do país.

Leia Também: Líder do Senado fala em "unificação" e "vitória da democracia" no Brasil

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