Apesar dos ataques que atingiram várias regiões da Ucrânia na noite de Ano Novo, provocando pelo menos quatro mortos e mais de 50 feridos, o país não se coibiu de celebrar a entrada num novo ano. Foi o caso de Bakhmut, um dos epicentros dos combates, onde o autarca de Kyiv, Vitali Klitshcko, deu as boas-vindas a 2023 com os soldados ucranianos.
“Os nossos soldados protegem os ucranianos dia e noite, durante a semana e feriados, na chuva e na neve. E dão as boas-vindas ao Ano Novo em condições de combate. Cansados, com vontade de dormir, de abraçar os seus entes queridos, de quem estão longe. Mas indomáveis e determinados”, começou por escrever o responsável, na rede social Telegram, partilhando um vídeo do clima daquela noite.
Klitshcko referiu ainda ter sido convidado pelos “lutadores” para “comemorar o Ano Novo com eles” e, aceitando, propôs-se a “apoiar, agradecer, levar ajuda”.
“E apresentar um pequeno programa cultural para apoiar o espírito de luta”, disse, complementando com “saudações de Bakhmut”.
“Feliz 2023! Glória à Ucrânia! Glória aos seus heróis!”, rematou.
Na verdade, nas imagens que poderá ver na galeria acima, é possível ter um vislumbre das condições dos soldados ucranianos em Bakhmut que, para assinalar um novo ano, se juntaram ao som da música.
De notar que Estado-Maior do Exército ucraniano sublinhou, no domingo à noite, que "o inimigo [...] continuava a tentar efetuar ataques no setor de Bakhmut", uma cidade daquela região que os russos tentam tomar há mais de seis meses, com um balanço de pesadas baixas de ambos os lados e um inimaginável grau de destruição.
Os soldados envolvidos nessa batalha encontram-se num estado de "incrível fadiga" física e emocional e, nesta guerra de desgaste sem fim à vista, alguns acabam por ver-se "como carne para canhão, que apenas serve para ser enviada para a morte certa", explicou no local um jovem capelão militar ucraniano citado pela agência francesa AFP, Mark Kuptshenenko, que todos os dias vai até à frente de batalha.
Não há ou praticamente não há rotações, "eles estão em permanente combate", sob uma pressão enorme, sob ordens que por vezes já não compreendem, disse ainda.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo dados os mais recentes da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram 6.826 civis desde o início da guerra e 17.595 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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