Segundo a guarda fronteiriça polaca, até 1 de janeiro de 2023, foi registada a entrada na Polónia de pelo menos 8,8 milhões de pessoas, embora cerca de 7,2 milhões tenham, entretanto, saído do território para regressar à Ucrânia, país que é alvo de uma ofensiva militar russa desde fevereiro do ano passado.
Responsáveis russos têm atribuído o aumento do fluxo de migração a "ações do Ocidente", tendo o deputado e presidente da comissão de política de Informação do Senado russo, Alexei Pushkov, referido que o crescimento do número de refugiados ucranianos se deveu a "todas as guerras iniciadas ou provocadas por países ocidentais".
"Novas ondas de refugiados afetam a Europa à medida que começam guerras como as do Iraque, da Líbia, da Síria, do Afeganistão ou da Ucrânia", afirmou o representante, citado pela agência de notícias russa TASS.
Pushkov adiantou ainda que a França "já cedeu à pressão", mas que "o Reino Unido não conseguirá enfrentar o problema apesar de ter abandonado a União Europeia (UE) e as suas quotas migratórias".
No início de dezembro passado, o organismo europeu de estatísticas, o Eurostat, indicava que a Polónia continuava em outubro a ser o Estado-membro da UE que tinha recebido o maior número de ucranianos fugidos da guerra (54.520).
Depois da Polónia, o país com mais ucranianos com estatuto de proteção temporária era a Alemanha (37.595), seguida pela Itália (8.620), Roménia (8.425) e Bulgária (7.250).
O serviço de estatísticas da UE destacou ainda que, de setembro para outubro, o número de ucranianos que receberam proteção temporária recuou em 22 dos 26 Estados-membros que apresentam dados.
As maiores descidas foram observadas na Alemanha (menos 14.385 de setembro para outubro), em Itália (3.750), na Roménia (1.290) e na Dinamarca (1.020).
A Bulgária (2.770), Irlanda (1.210), Polónia (975) e Hungria (20) foram os países que registaram subidas.
Portugal concedeu, em outubro, 1.165 proteções temporárias a ucranianos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.884 civis mortos e 10.947 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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