Berlim, 02 jan 2023 (Lusa) -- O Presidente da República alemão, Frank-Walter Steinmeier, estará presente no funeral do papa emérito Bento XVI, na quinta-feira, no Vaticano, indicou hoje o gabinete do mais alto representante da Alemanha, país natal de Joseph Ratzinger.
Do país, deslocar-se-á também a Roma o primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, e uma grande representação do arcebispado de Munique e Freising, onde Ratzinger foi arcebispo antes de se tornar prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Congregação do Santo Ofício, responsável pela criação da Inquisição).
Joseph Ratzinger, nascido em 1927 na localidade bávara de Marktl am Inn, manteve fortes laços com o seu "Land" natal e especialmente com a cidade de Regensburg, onde residiu quase toda a vida o seu irmão mais velho, Georg, também sacerdote e falecido em 2020 aos 96 anos.
Bento XVI, que morreu a 31 de dezembro aos 95 anos, encontra-se em câmara ardente desde hoje de manhã na basílica de São Pedro, em cuja praça se realizarão na próxima quinta-feira as suas exéquias, oficiadas pelo seu sucessor, o Papa Francisco.
Hoje, ao longo das dez horas do primeiro dia do velório oficial - que prosseguirá na terça e na quarta-feira em horário mais alargado (12 horas diárias, entre as 07:00 e as 19:00 locais -- 06:00 e 18:00 de Lisboa) -, entraram na basílica de São Pedro para prestarem uma última homenagem ao papa emérito cerca de 65.000 pessoas, segundo a guarda suíça pontifícia.
A Câmara Municipal de Roma, que destacou um dispositivo de segurança com mais de 1.000 agentes para patrulhar as ruas da cidade, previra inicialmente que seriam cerca de 35.000 as pessoas que diariamente iriam despedir-se de Bento XVI.
Estima-se em 20 segundos o tempo que cada pessoa pode estar diante do defunto Joseph Ratzinger, cujos restos mortais estão pousados sobre um catafalco coberto por um manto de veludo vermelho e assente em duas almofadas, envergando uma casula vermelha, com uma mitra branca ornamentada na cabeça e um rosário entrelaçado nas mãos.
O corpo de Bento XVI foi transportado de forma privada às 07:00 locais (06:00 de Lisboa) do mosteiro Mater Ecclesiae para a basílica de São Pedro, onde esteve, durante as primeiras horas, acompanhado do arcebispo Georg Ganswein, o seu fiel secretário pessoal, e pelas quatro Memores Domini, as religiosas do movimento Comunhão e Libertação que cuidaram dele nos últimos anos de vida.
Coube ao secretário pessoal ir recebendo as mensagens de pesar das autoridades eclesiásticas nos primeiros momentos em que o corpo do papa emérito esteve em câmara ardente.
A primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, e o Presidente da República italiana, Sergio Mattarella, foram dos primeiros a despedir-se de Bento XVI, tendo inclusive podido entrar na basílica antes das 09:00 (08:00 de Lisboa), hora da abertura ao público.
O papa emérito será sepultado na cripta da basílica de São Pedro onde se encontram muitos outros pontífices da Igreja Católica.
Em 2005, Ratzinger foi eleito como o primeiro Papa alemão, adotando o nome de Bento XVI, e em 2013 tornou-se o primeiro titular a renunciar ao cargo desde o século XV.
A Conferência Episcopal alemã abriu hoje um livro de condolências na sua Nunciatura Apostólica, em Berlim, em memória de Bento XVI.
À notícia da morte do papa emérito seguiram-se várias mensagens de responsáveis políticos alemães, entre os quais o próprio Presidente da República Federal, Frank-Walter Steinmeier, e o chanceler, Olaf Scholz, além de numerosas mensagens de pesar de dirigentes políticos de todo o mundo -- incluindo de países não-católicos.
O papa Bento XVI foi "um líder especial para muita gente, e não só na Alemanha", afirmou Scholz, na sua conta da rede social Twitter.
"O mundo perdeu uma figura destacada da Igreja Católica, uma personalidade controversa e um teólogo inteligente", acrescentou o chanceler alemão.
Por sua vez, Steinmeier afirmou que "a sua fé, o seu intelecto, a sua sabedoria e a sua humildade pessoal" sempre o impressionaram.
A Conferência Episcopal Alemã também lhe prestou homenagem logo no sábado, embora não tenha ocultado a questão da atitude deste de desvalorizar os casos de abusos sexuais revelados durante os seus anos como arcebispo de Munique.
"Ele pediu perdão às vítimas. Mas há questões que ficam em aberto", disse o presidente da Conferência Episcopal, numa carta na qual também elogia o trabalho de Ratzinger como teólogo.
Além das autoridades alemãs, também a primeira-ministra e o Presidente da República italianos participarão nas exéquias, na próxima quinta-feira.
Os embaixadores estrangeiros no Vaticano foram oficialmente convidados para a missa do funeral, embora não seja do protocolo fazer convites oficiais a entidades estrangeiras tratando-se de um papa retirado.
Outros chefes de Estado e de Governo que queiram assistir às cerimónias fúnebres de Bento XVI poderão fazê-lo, mas a título pessoal.
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