Fontes oficiais citadas pela Agência de Informação do Burkina (AIB) revelaram que o pedido foi feito há cerca de 15 dias e falava de "uma crise de confiança" nas relações bilaterais.
"Não é o fim das relações diplomáticas, estamos simplesmente a pedir uma mudança de interlocutor", disseram, antes de sublinhar que "não é uma rutura com a França, mas não há vontade de continuar a colaborar com este embaixador".
Segundo a revista 'Jeune Afrique', fontes oficiais francesas acederam ao pedido. "A questão não é quem é o nosso embaixador lá, mas o que queremos fazer com a nossa relação bilateral", justificaram.
De acordo com o diário francês Le Monde, que cita "várias fontes" não identificadas, o pedido de Ouagadougou está relacionado com uma carta enviada por Luc Hallade a cidadãos franceses em Koudougou em 12 de dezembro.
Nesta carta parcialmente difundida na rede social Twitter, o embaixador convidava os seus compatriotas residentes em Koudougou a deixarem esta cidade, situada 100 quilómetros a oeste de Ouagadougou, e a "relocalizarem-se" na capital ou em Bobo-Dioulasso (sudoeste).
As autoridades do Burkina Faso anunciaram em meados de dezembro a expulsão do país de dois cidadãos franceses detidos por alegada espionagem, no meio de tensões crescentes entre Ouagadougou e Paris, que criticou a aproximação entre Ouagadougou e Moscovo.
O primeiro-ministro do Burkina Faso, Apollinaire Joachimson Kyelem de Tambela, convidou recentemente a Rússia a "ocupar o seu lugar" no país africano, dias depois de o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, ter alegado que Ouagadougou tinha aceitado o destacamento de mercenários do grupo paramilitar russo Wagner, propriedade de um oligarca próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
O Burkina Faso, governado por uma junta militar desde o golpe de Estado de janeiro de 2022 contra o então Presidente, Roch Marc Christian Kaboré, tem vivido uma insegurança crescente desde 2015. A junta é agora chefiada por Ibrahim Traoré, que liderou uma revolta em setembro que foi considerada um "golpe palaciano" contra o então líder, Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Os ataques, atribuídos tanto à Al-Qaida como às filiais do grupo extremista Estado Islâmico na região, também contribuíram para um aumento da violência intercomunitária e conduziram a um florescimento de grupos de autodefesa, aos quais o Governo burquinabé acrescentou "voluntários". A deterioração da situação de segurança levou a uma vaga de deslocados internos e refugiados para outros países da região.
Os fundamentalistas islâmicos controlam atualmente cerca de 40% do território de Burkina Faso.
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