A criança tinha aproximadamente um ano de idade e os dois cadáveres foram retirados da água por membros da guarda costeira italiana, adianta a comunicação social.
Outros 30 migrantes foram resgatados pela guarda costeira e transferidos para o porto de Favarolo, em Lampedusa.
A procuradoria regional de Justiça de Agrigento, na Sicília, que tem jurisdição sobre a região, abriu uma investigação para saber o que aconteceu e vai ouvir os depoimentos dos sobreviventes.
Na manhã de quinta-feira, o corpo de outro migrante foi recuperado nas águas do recife de Cala Uccello, em Lampedusa, ilha italiana que se situa a meio caminho entre o norte de África e a Europa, sendo ponto de chegada frequente de muitas embarcações precárias com migrantes a bordo.
O presidente da câmara municipal de Lampedusa, Filippo Mannino, alertou hoje para a degradação da situação no Mediterrâneo central e pediu ao Governo italiano uma "lei especial" para ajudar a administrar a rota migratória mais mortal da Europa.
"Estamos perante uma guerra, muitos não sabem ou fingem que não sabem", denunciou, em declarações à comunicação social.
Segundo dados hoje avançados pelo Ministério do Interior italiano, nos primeiros cinco dias deste ano, já desembarcaram na costa italiana 2.556 migrantes que partiram do norte de África, o que representa uma subida de quase 600% em relação aos 368 que o fizeram no mesmo período de 2022.
Na quinta-feira, as organizações humanitárias de resgate no mar que atuam na região avisaram para um provável aumento de mortes provocado pela nova política migratória de Itália.
Para estas organizações, o novo decreto aprovado na semana passada pelo Governo italiano, que as obriga a só realizar um resgate de cada vez, coloca mais vidas em risco.
"O novo decreto-lei promulgado pelo Presidente italiano em 02 de janeiro vai reduzir as nossas capacidades de resgate marítimo e tornará o Mediterrâneo central, que já é uma das rotas migratórias mais mortais do mundo, ainda mais perigoso", referiram, num comunicado conjunto.
A nova política aprovada pelo Governo liderado por Giorgia Meloni prevê a aplicação de um regime de sanções administrativas, em substituição das penais, às organizações não-governamentais (ONG) que resgatem, sem autorização, migrantes do mar para os desembarcar no país, além de permitir proceder à "detenção administrativa do navio e, em caso de reincidência da conduta proibida, ao seu confisco".
O Governo italiano, formado por uma coligação de direita e extrema-direita, alega que o novo decreto visa impedir que os navios de resgate sejam um fator de atração para os traficantes de migrantes, garantindo que os barcos das organizações humanitárias funcionam como 'ferry-boats' das máfias ligadas ao tráfico de seres humanos.
O decreto estabelece ainda que os requerentes de asilo devem apresentar os seus pedidos ao país que consta na bandeira hasteada no navio de resgate.
A questão dos migrantes do Mediterrâneo central vai ser alvo, no final deste mês, de um debate do Grupo de Contacto de Busca e Salvamento, que junta a União Europeia (UE) e países de origem e de trânsito.
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