"Estou chocado, mas confio no Brasil e nas suas instituições", disse o antigo primeiro-ministro português, à margem de uma conferência em Genebra sobre ajuda humanitária ao Paquistão.
"Os brasileiros seguirão em frente e estarão à altura desta situação", apontou, acrescentando que está confiante que saberão "lidar com esta situação com democracia e uma adequada prestação de contas".
Quem não respeitou a lei "deve sofrer as consequências", disse ainda, citado pela agência de notícias EFE.
Milhares de apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo a sede do Congresso Nacional e sucessivamente o Palácio do Planalto, sede do Governo, e o edifício do Supremo Tribunal Federal, na capital brasileira.
Os manifestantes avançaram e furaram as barreiras montadas pela polícia, e imagens dos invasores dentro do salão verde do Congresso, dentro e fora do Palácio do Planalto e do STF foram divulgadas nas redes sociais.
Os radicais, que não reconhecem o resultado das eleições presidenciais de 30 de outubro, nas quais Lula da Silva derrotou Bolsonaro por margem estreita, pediram uma intervenção militar para derrubar o presidente brasileiro.
A polícia brasileira começou por usar gás lacrimogéneo para tentar, sem sucesso, travar os manifestantes, mas em seguida a Polícia Militar conseguiu recuperar as três instituições e desocupar totalmente a Praça dos Três Poderes, numa operação que resultou em pelo menos 300 detenções.
A invasão, condenada de imediato pela comunidade internacional, começou depois de militantes da extrema-direita brasileira - apoiantes do anterior presidente - terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Lula da Silva manteve hoje uma série de reuniões de alto nível no seu gabinete, o único local que foi poupado no domingo pela invasão.
O presidente optou por despachar a partir do seu gabinete no Palácio do Planalto para mostrar que os atos violentos dos radicais de extrema-direita não irão paralisar as instituições de poder.
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