Rússia elogia coragem do Grupo Wagner após críticas de Prigozhin

O Governo russo elogiou hoje a "coragem" dos combatentes do Grupo Wagner nos confrontos pela cidade de Soledar, no leste da Ucrânia, após críticas do líder deste efetivo paramilitar.

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© Mikhail Svetlov/Getty Images

Lusa
13/01/2023 18:35 ‧ 13/01/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Em comunicado, o Ministério da Defesa referiu que a conquista de Soledar, que as autoridades de Kyiv negam, foi alcançada por "um agrupamento heterogéneo de tropas", mas o ataque direto às zonas residenciais de Soledar foi realizado "com sucesso" graças aos voluntários do Grupo Wagner.

Na alegada conquista das áreas residenciais de Soledar, a missão de combate "foi realizada com sucesso pelas ações corajosas e altruístas das unidades de assalto voluntárias da companhia militar privada Wagner", referiu a nota do ministério.

No mesmo comunicado, e ainda sobre a conquista de Soledar, o ministério esclareceu que "as missões incluíam, conforme relatado anteriormente, bloquear a cidade pelo norte e sul, isolar a área de operações, impedir que o inimigo movesse reservas para a cidade a partir de áreas vizinhas", bem como "o apoio de fogo da ofensiva por aeronaves de ataque ao solo e artilharia".

O pronunciamento das autoridades de Moscovo foi divulgado após o fundador do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ter hoje denunciado que forças na Rússia estão a tentar "menosprezar os méritos" dos mercenários, por não terem mencionado o seu contributo para a alegada captura da localidade ucraniana de Soledar.

"Eles tentam constantemente 'roubar' a vitória dos mercenários Wagner e falam sobre a presença de alguém que não fica claro quem é, apenas para menosprezar os seus méritos", lamentou Prigozhin, na rede social Telegram.

Prigozhin e o Ministério da Defesa russo estão desalinhados há meses, desde que o líder do Grupo Wagner criticou a estratégia da campanha militar russa na Ucrânia e a liderança responsável pela sua organização, incluindo o novo chefe das Forças Armadas da Rússia na Ucrânia, Valeri Gerasimov.

Por várias vezes, Prigozhin sublinhou que, se não fossem os seus mercenários, a intervenção militar russa teria sofrido ainda mais reveses do que aqueles que já experimentou nos últimos 10 meses.

As declarações do líder do Grupo Wagner acontecem depois de o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, ter dito hoje, no seu relatório diário de guerra, que "na noite passada, 12 de dezembro, a libertação da cidade de Soledar foi concluída", sem fazer menção ao contributo do Grupo Wagner.

Konashenkov disse apenas que a captura de Soledar foi possível "devido aos constantes ataques terrestres e aéreos" do Exército e das unidades de artilharia de mísseis das forças russas.

A Ucrânia negou, por sua vez, a perda de Soledar para a Rússia e disse que os combates violentos prosseguiam na pequena cidade do leste do país.

"Ainda há combates violentos em Soledar", disse à televisão ucraniana o porta-voz do comando oriental do exército ucraniano, Sergei Cherevaty, citado pela agência francesa AFP.

Cherevaty alegou que as forças armadas ucranianas tinham a situação em Soledar sob controlo, mas admitiu que estão "em condições difíceis".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Líder do Grupo Wagner condena "menosprezo de méritos" dos mercenários

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