Durante uma intervenção, o ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio, Ivica Dacic, assegurou hoje que a Sérvia "não pode reconhecer a independência nem estar de acordo com a adesão de Pristina à ONU", e definiu estas posições de "linhas vermelhas".
Em simultâneo, indicou serem inegociáveis o cumprimento dos acordos firmados em 2013, sob mediação da União Europeia, e que preveem um estatuto de autonomia para a minoria sérvia que vive no Kosovo, e que o atual Governo de Pristina se recusa a conceder.
Segundo ministro, outra "linha vermelha" consiste em "assegurar os direitos e plena segurança aos sérvios" no Kosovo.
Segundo Dacic, a Sérvia considera que na atual fase o diálogo deve concentrar-se na "busca de uma solução de compromisso" e assegurou que o país pretende preservar a paz e a estabilidade regionais.
Em simultâneo, acusou Pristina de "provocar tensões, com ações unilaterais, de forma consciente e sistemática, fomentando um ambiente de desconfiança".
A diplomacia norte-americana e da União Europeia (UE) estão empenhadas em fornecer um novo impulso ao complexo diálogo entre a Sérvia e o Kosovo, através de uma anunciada nova proposta de Bruxelas, por iniciativa da França e Alemanha, mas ainda não revelada.
Os progressos no diálogo, assinalado por constantes crises e tensões, são condição essencial para o processo de adesão da Sérvia e do Kosovo à UE, que se prevê longo.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.
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