Afeganistão. Talibãs defendem lei islâmica sobre os direitos das mulheres
O governo talibã assegurou hoje que as restrições impostas às mulheres em termos de educação, trabalho e livre circulação são necessárias para moldar a realidade do país segundo as normas da lei islâmica, ou 'sharia'.
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Mundo Afeganistão
"O Emirado Islâmico tenta regular todos os assuntos à luz da 'sharia' islâmica. Devido ao seu sentido de responsabilidade para com a sua religião e o seu povo, não podemos permitir ações ilegais no país", disse o principal porta-voz do governo fundamentalista, Zabiullah Mujahid, citado num comunicado.
A declaração do porta-voz surge um dia depois de uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre as rígidas proibições aplicadas às mulheres e meninas afegãs.
Num comunicado conjunto assinado por 11 dos 15 membros do Conselho de Segurança, os representantes instaram os talibãs a reverterem de imediato todas as medidas opressivas contra as mulheres e meninas, aderindo aos compromissos estabelecidos pelas Nações Unidas.
"As organizações internacionais e os países devem compreender o nosso país e os desejos religiosos da nossa nação de que as questões humanitárias não estejam vinculadas às questões políticas", disse Mujahid.
Ainda assim, acrescentou: "Estamos prontos para cooperar com os países em todas as áreas, de acordo com os princípios e valores religiosos do país".
Desde a queda de Cabul, em agosto de 2021, as mulheres sofreram uma deterioração dos seus direitos, com restrições como a segregação por género em locais públicos, a imposição do véu ou a obrigação de serem acompanhadas por um familiar masculino em viagens longas.
Uma realidade que se assemelha cada vez mais à época do primeiro regime fundamentalista, entre 1996 e 2001, quando, segundo uma rígida interpretação do Islão e do seu rígido código social conhecido como Pashtunwali, foi proibida a frequência feminina nas escolas e as mulheres foram confinadas à sua casa.
Citado pela agência espanhola EFE, o estudioso islâmico Malavi Mohammad Amin sustentou que proibir as adolescentes de frequentaram a escola, a universidade e o trabalho não é um valor islâmico, nem faz parte da cultura afegã.
"Devo dizer que os afegãos eram e são muçulmanos e já faziam o que o Islão manda. Em caso de algum desvio, eram necessárias apenas algumas pequenas reformas de alguns dias, não essas longas proibições", concluiu.
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