A ativista climática sueca Greta Thunberg foi detida, esta terça-feira, pela polícia alemã em Lützerath, onde vários manifestantes têm protestado nos últimos dias contra a demolição da vila, que vai dar lugar à expansão de uma mina de carvão a céu aberto.
Lützerath tem estado no foco dos ativistas climáticos alemães nos últimos dias, e milhares de manifestantes têm lutado contra destruição da vila pelas autoridades alemãs. Thunberg juntou-se aos protestos na sexta-feira, criticando o governo alemão por investir num combustível fóssil como o carvão em 2023.
Segundo conta a Reuters, a sueca estava sentada com outros ativistas na berma da mina, contra as indicações das autoridades locais. A polícia terá avisado que iria usar a força, caso os manifestantes não saíssem do local.
"Greta Thunberg fazia parte de um grupo de ativistas que correu em direção à berma. No entanto, ela foi travada e levada por nós com este grupo para fora da área de perigo, para serem identificados", disse um porta-voz da polícia de Aachen à agência de notícias.
Um ativista terá mesmo saltado para o interior da mina, desconhecendo-se se terá ficado ferido.
A exploração fica situada a nove quilómetros de Lützerath, em Garzweiler.
BREAKING ️️ Alleged climate activist Greta Thunberg detained by police during an anti-coal protest in Germany's village second time in a week. pic.twitter.com/jVcnzdb0jO
— Megh Updates ™ (@MeghUpdates) January 17, 2023
Desconhece-se também o que acontecerá a Thunberg na sequência da detenção. A ativista foi arrastada pelas autoridades (o que terá sido pretendido, já que a desobediência civil pacífica é uma imagem de marca dos ativistas climáticos) e foi vista no interior de uma carrinha da polícia, com outros detidos, a sorrir.
Thunberg dirigiu-se aos ativistas num discurso no sábado, considerando que a expansão da mina era "uma traição às gerações presentes e futuras".
"A Alemanha é uma das maiores poluidoras do mundo e precisa de ser responsabilizada", afirmou a líder do movimento internacional de estudantes pelo clima, que em Portugal é representado pela Greve Climática Estudantil.
Na quarta-feira, a polícia já tinha expulsado vários ativistas, que se foram juntando em ações de desobediência civil, com o objetivo de obstruir as operações de despejo na localidade e de alertar para o impacto ambiental da expansão da mina.
Os protestos não são exclusivos à localidade situada no estado de Renânia do Norte-Vestfália, na zona oeste da Alemanha (perto da fronteira com os Países Baixos. Em Colónia, ativistas colaram-se à estrada para protestar contra as políticas energéticas do país e, em Düsseldorf, cerca de 120 manifestantes ocuparam os caminhos de ferro em direção a uma central de energia.
As organizações climáticas têm acusado a polícia alemã de reprimir violentamente as manifestações, com os confrontos na segunda-feira entre as dezenas de milhares de ativistas e as autoridades a gerarem alguns feridos e várias detenções.
O governo alemão, do qual faz parte o Partido Verde em coligação com o SPD e os liberais, têm sido alvo de duras críticas por contornar as sanções russas e a dependência do país no gás natural russo com o recurso a centrais a carvão, que estavam desligadas ou em vias de encerrar.
[Notícia atualizada às 17h32]
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