"É verdade que já não temos vacinas contra a cólera. Utilizámos todas as vacinas que tínhamos. Estamos a falar com a OMS [Organização Mundial de Saúde] para receber outro carregamento", disse o porta-voz do Ministério da Saúde do Maláui, Adrian Chikumbe, em declarações divulgadas hoje pelos meios de comunicação locais.
"Mas (...) não há garantia de que receberemos outro carregamento nos próximos dias", lamentou Adrian Chikumbe.
A escassez mundial de vacinas orais contra a cólera, face aos 30 surtos declarados em 2022 no mundo, obrigou no passado mês de outubro o grupo de organizações que gerem as reservas internacionais (OMS, Médicos Sem Fronteiras, Federação Internacional da Cruz Vermelha e Unicef) a reduzir o número de doses administradas de duas para uma.
A razão do elevado número atual de infeções é a multiplicação de fenómenos climáticos extremos, tais como inundações, secas, bem como guerras e deslocamentos forçados de populações, que limitam o acesso à água potável.
Nos cinco anos anteriores, pelo contrário, menos de 20 países comunicaram situações de propagação de doenças.
Até agora, o surto de cólera no Maláui resultou em 28.132 infeções e 916 mortes, disseram as autoridades sanitárias do país africano na sexta-feira.
No final de novembro, o país lançou uma campanha de vacinação dirigida a 2,9 milhões de pessoas com mais de um ano de idade para travar o surto.
A cólera é uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminada com o bacilo 'vibrio cholerae'.
Segundo a OMS, esta doença continua a ser "uma ameaça global para a saúde pública e um indicador de desigualdade e de falta de desenvolvimento".
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