"Thulani Maseko era um defensor dos direitos humanos que, correndo um grave risco, falou por muitos que não podem. Apresento as minhas sinceras condolências à família, amigos e colegas. O seu assassínio a sangue frio priva Essuatíni, o sul da África e o mundo de um verdadeiro defensor da paz, da democracia e dos direitos humanos", destacou Volker Turk.
O responsável pediu às autoridades "que garantam uma investigação rápida, independente, imparcial e eficaz sobre o assassínio, de acordo com a Constituição de Essuatíni e o direito internacional, e para garantir que todos os responsáveis sejam responsabilizados em julgamentos justos".
"As autoridades de Essuatíni também devem garantir a segurança de toda a população, incluindo defensores dos direitos humanos, jornalistas e ativistas, bem como proteger o espaço cívico", enfatizou Turk.
Também a secretária-geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, se mostrou "triste e zangada" com o homicídio de Maseko. "Há muitas pessoas que vão buscar justiça para si e que vão continuar o seu legado", afirmou, na sua conta no Twitter.
"O assassínio de Thulani Maseko é trágico. Ele era um prisioneiro de consciência, um proeminente advogado de direitos humanos, um pilar na luta pela democracia em Essuatíni e um companheiro maravilhoso da Amnistia. Estamos arrasados", acrescentou.
Callamard também enfatizou que a ONG "tem documentado as crescentes táticas sinistras das autoridades, agindo contra e silenciando opositores e ativistas". "Faremos todo o possível até que seja feita justiça pelo assassínio de Thulani. Aqueles que mataram e ordenaram o seu assassínio devem ser responsabilizados", concluiu.
O Governo de Essuatíni anunciou que Maseko "foi brutalmente baleado e morto por criminosos desconhecidos" e expressou as suas condolências à família, amigos e colegas. "A morte de Maseko é uma perda para a nação e as suas pegadas como advogado de direitos humanos são a prova da sua contribuição ao país", disse.
O porta-voz do Governo, Alpheous Nxumalu, referiu em comunicado que as autoridades "já estão a trabalhar na busca dos assassinos" e garantiu que "não vão descansar enquanto não forem detidos". "Pedimos à nação que alerte a polícia se tiver informações que possam ajudar a deter esses criminosos", acrescentou.
"O Governo aproveita mais uma vez a oportunidade para condenar o implacável assassínio de civis", disse, alertando para as "especulações e insinuações alimentadas sobretudo nas redes sociais" contra as autoridades.
"O Governo desvincula-se desses atos hediondos. Essas especulações são perigosas, pois prejudicam as investigações e desviam a atenção dos verdadeiros criminosos. O Governo pede à nação que fique com a família de Maseko e ore durante este triste momento".
Maseko foi presidente do Multi-Stakeholder Forum, associação que reuniu várias organizações da sociedade civil, empresas, sindicatos, partidos políticos, grupos religiosos e organizações de mulheres que defendem uma transição pacífica e uma democracia multipartidária no país africano. O advogado passou a ser o representante legal de dois parlamentares que estão a ser julgados pelo envolvimento nas mobilizações pró-democracia de 2021.
Essuatíni, um país de cerca de 1,3 milhões de pessoas, conhecido como Suazilândia até 2018, é governado como uma monarquia absoluta por Mswati III desde 1986. O monarca controla o parlamento e nomeia ministros, gerando críticas contra o seu monopólio de poder.
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