Kyiv nega significativos avanços russos na região de Zaporíjia
A Ucrânia negou hoje os avanços que a Rússia reivindica na região de Zaporíjia, sul do país, e assegurou que as tentativas de avanço nessa zona foram repelidas.
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Mundo Ucrânia/Rússia
Os meses de relativa acalmia nesta zona da linha da frente, a sul da cidade e capital da província de Zaporíjia, controlada pela Ucrânia, parecem ter chegado ao fim.
Nos últimos dias, as tropas russas atacaram posições ucranianas perto das cidades de Orichiv e Kamianske, situadas na linha da frente.
Responsáveis oficiais ucranianos citados pela agência noticiosa Efe garantiram que os ataques russos não representam uma grande ofensiva.
"Neste momento, o objetivo destas operações russas consiste em imobilizar as nossas forças em direção da Zaporíjia, para que não possamos transferir tropas para as regiões de Donetsk e Lugansk", no leste, declarou Yevhen Yerin, porta-voz do Grupo de forças Tavria do Exército ucraniano.
Yerin admitiu alguns avanços "limitados" e "insignificantes" nos últimos dias, com as tropas ucranianas a recuperarem todas as posições. Disse ainda que tropas e equipamentos russos entram e saem constantemente da Crimeia, situada a sul.
Em Moscovo, e citado pela agência noticiosa TASS, o porta-voz do ministério da Defesa, general Igor Konashenkov, indicou por sua vez que na região de Zaporíjia e nas últimas 24 horas "mais de 30 soldados ucranianos, três veículos motorizados e um lança-foguetes múltiplo Grad foram destruídos como resultado dos ataques das tropas do Distrito militar leste a unidades do Exército ucraniano e através de fogo combinado".
Konashenkov também se referiu a ataques russos a um posto da 107.ª brigada de artilharia do Exército ucraniano na região de Dniepre.
O último relatório do estado-maior ucraniano sublinhou hoje que as tropas russas continuam a flagelar a zona mas sem êxito e com pesadas baixas.
Segundo estas fontes, 150 soldados russos foram recentemente assistidos no hospital de Dniprorudne, na parte da província controlada pela Rússia. Os ataques russos foram acompanhados por bombardeamentos de zonas da linha da frente, e dirigidos a 20 objetivos.
Cerca de 60% da região de Zaporíjia está atualmente controlada pela Rússia. No início da invasão, as tropas russas conseguiram penetrar rapidamente na zona e assumir o controlo do importante centro logístico de Melitopol, e a central nuclear de Zaporíjia, em Energodar.
Após as forças russas terem sido contidas a cerca de 45 quilómetros da capital da região, a linha da frente permaneceu relativamente estabilizada, enquanto os principais combates eram transferidos para outras regiões.
Segundo o perito militar ucraniano Mykhailo Samus, em recentes declarações à Efe, Zaporíjia constitui uma das potenciais direções para outra contraofensiva ucraniana. O Exército ucraniano poderá tentar forçar um avanço em direção a Melitopol e tentar cortar em das partes a zona controlada pela Rússia no sul.
Até ao momento não existem relatos de grandes ofensivas da Ucrânia na zona. O país concentrou-se em treinar ao seus soldados e reforçar o equipamento blindado, na esperança de receber em breve os tanques de guerra dos seus aliados estrangeiros, que poderão tentar romper as defesas russas e diminuir as baixas nas suas tropas.
No entanto, a porta-voz do Grupo de forças do sul, Nataliia Gumeniuk, sublinhou em 11 de janeiro que "a ofensiva [ucraniana] estava realmente em curso", com as suas forças a atacarem a logística russa na retaguarda da linha da frente no sul, à semelhança do que sucedeu durante a operação para a tomada de Kherson.
Um representante das autoridades russas de ocupação da região, Vladimir Rogov, garantiu na passada sexta-feira que as tropas russas tinham assumido o controlo de seis localidades em direção a Zaporíjia, uma afirmação que o norte-americano Instituto para o estudo da guerra (ISW) considerou "provavelmente falsa".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.068 civis mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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