A Sérvia recebeu esse alerta na semana passada durante uma visita de um grupo de enviados dos Estados Unidos e da Europa que intensificaram os esforços para diminuir as tensões de longa data na volátil região dos Balcãs enquanto decorre a guerra na Ucrânia.
"A Sérvia deve conversar, participar no diálogo e continuar o seu caminho europeu. Estaríamos perdidos económica e politicamente sem isso e, como presidente, não aceitaria liderar o país que está sozinho e isolado", disse Vucic.
A disputa entre a Sérvia e a sua antiga província do Kosovo continuou a ser uma fonte de instabilidade nos Balcãs muito depois da guerra de 1998-1999, que terminou com uma intervenção da NATO que obrigou os sérvios a se retirarem do território.
Kosovo declarou em 2008 a independência da Sérvia, que Belgrado se recusou a reconhecer, contando com o apoio da Rússia e da China para manter a sua reivindicação sobre o território.
Os Estados Unidos e União Europeia (UE) reconheceram Kosovo, enquanto a Rússia e a China não.
O novo plano ocidental para normalizar as relações Sérvia-Kosovo não foi oficialmente tornado público.
Vucic disse no seu discurso na televisão que o plano estipula que a Sérvia não seria contra a adesão de Kosovo a organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas.
Os Estados Unidos e a UE querem promover um diálogo mediado pelo grupo dos 27 que está parado há meses, porque temem que a Rússia, aliada da Sérvia, possa tentar provocar instabilidade nos Balcãs para desviar a atenção da guerra na Ucrânia.
"Essas negociações estão entre as mais difíceis da última década. Nunca foi assim", acrescentou Vucic, descrevendo a reunião.
O Ocidente quer derrotar a Rússia e qualquer um que estiver no caminho será "varrido", disse Vucic.
"A Europa está em guerra, digam o que disserem. Eles [UE] querem que tudo no seu quintal -- e os Balcãs é o quintal deles -- seja da forma que eles querem", disse.
A Sérvia, que procurou formalmente a entrada na UE, não concordou com as sanções contra a Rússia, mas isso não poupou Vucic de ser criticado pela oposição nacionalista pró-russa por dizer que está preparado para considerar o mais recente plano ocidental.
Apesar do sentimento antiocidental e pró-russo que prevalece no país dos Balcãs desde chegou ao poder há 10 anos, o chefe de Estado disse que uma Sérvia isolada entraria em colapso económico sem ajuda e investimentos ocidentais.
Vucic disse hoje que nada vai acontecer "nos próximos dias ou dois", mas que o país poderá enfrentar decisões difíceis num futuro próximo.
"Para ser justo, a União Europeia é o maior investidor na Sérvia. Temos de olhar para as coisas de maneira justa e objetiva", salientou.
Vucic havia dito anteriormente que a Sérvia nunca reconheceria a independência de Kosovo, que muitos sérvios consideram o coração histórico do país.
Em dezembro de 2022, autoridades ocidentais mediaram a resolução de uma situação tensa no norte de Kosovo, onde os sérvios montaram barricadas nas principais estradas para protestar contra a detenção de um ex-polícia sérvio.
E no último incidente, autoridades de Belgrado disseram que a polícia de Kosovo feriu hoje um cidadão sérvio no norte do país, dominado pelos sérvios.
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