'Relógio do Apocalipse' mais próximo do que nunca da meia-noite
Apenas 90 segundos nos separam de um "perigo sem precedentes". Desde 2020 que este relógio metafórico que avalia o perigo das ameaças criadas pela humanidade.
© Reuters
Mundo Relógio do Apocalipse
O 'Relógio do Apocalipse' nunca esteve tão perto da meia-noite. O 'fim da humanidade' está a apenas 90 segundos depois da última atualização, anunciada esta terça-feira, pelo Science and Security Board of the Bulletin of the Atomic Scientists.
Desde 2020 que este relógio metafórico que avalia o perigo das ameaças criadas pela humanidade estava nos 100 segundos para a 'meia-noite'.
Contudo, a guerra na Ucrânia e as ameaças nucleares consequentes, assim como a crise climática, as ameaças biológicas como a Covid-19, e a desinformação associada a tecnologias disruptivas levaram a que os especialistas por detrás deste mecanismo o avançassem 10 segundos, colocando-nos mais perto do que nunca do 'apocalipse'.
"Estamos a viver numa altura de perigo sem precedentes, e o 'Relógio do Apocalipse' reflete essa realidade. 90 segundos para a meia-noite é o mais próximo que o Relógio já esteve da meia-noite, e é uma decisão que os nossos especialistas não tomam de ânimo leve", disse Rachel Bronson, presidente e CEO do Bulletin of the Atomic Scientists, em comunicado a dar conta das mudanças.
A responsável apontou que o "governo dos Estados Unidos, os seus aliados da NATO e a Ucrânia têm uma infinidade de canais de diálogo", razão pela qual exortou "os líderes a explorá-los a todos para voltar atrás no tempo".
Isto porque, conforme adiantou o organismo, "a guerra na Ucrânia poderá entrar num segundo ano terrível, com ambos os lados convencidos de que podem vencer".
"A soberania da Ucrânia e os acordos de segurança europeus, mantidos em grande parte desde o fim da Segunda Guerra Mundial, estão em jogo. Além disso, a guerra da Rússia contra a Ucrânia levantou questões profundas sobre como os Estados interagem, corroendo as normas de conduta internacional que sustentam respostas bem-sucedidas a uma variedade de riscos globais", prosseguiu, indicando que as "ameaças veladas da Rússia de usar armas nucleares" representam "um risco terrível".
Além da guerra na Ucrânia, está também em jogo o último tratado para a redução de armas nucleares entre a Rússia e os Estados Unidos - New START -, que durará até fevereiro de 2026. "A menos que as duas partes retomem as negociações e encontrem uma base para novas reduções, o tratado expirará", considera a entidade, salientando que essa situação "eliminaria as inspeções mútuas, aprofundaria a desconfiança, estimularia uma corrida às armas nuclear e aumentaria a possibilidade de uma guerra nuclear".
“O 'Relógio do Apocalipse' está a soar um alarme para toda a humanidade. Estamos à beira de um precipício. Mas os nossos líderes não estão a agir na velocidade ou escala suficientes para garantir um planeta pacífico e habitável", disse também Mary Robinson, ex-Alta Comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos.
A responsável foi mais longe, enumerando que "sabemos aquilo que precisa de ser feito", nomeadamente "desde a redução das emissões de carbono até ao fortalecimento dos tratados de controlo de armas e ao investimento na preparação para uma pandemia. "A ciência é clara, mas falta a vontade política. Isso deve mudar em 2023, se quisermos evitar uma catástrofe”, rematou.
Recorde-se que o 'Relógio do Apocalipse' deu a sua 'primeira badalada' em 1947, tendo sido criado por cientistas que faziam parte do Projeto Manhattan, responsável pelas primeiras bombas atómicas. O mecanismo, que é atualizado todos os anos, tem como objetivo avaliar os perigos que a humanidade enfrenta, principalmente face a tecnologias criadas pelo ser humano.
[Notícia atualizada às 16h33]
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