A morte de Tyre Nichols, o jovem afro-americano que morreu após ser brutalmente espancado por cinco polícias da cidade de Memphis - também eles afro-americanos - espoletou protestos por todo o país, que chegaram à costa oeste. Em Oakland, na Califórnia, centenas tomaram as ruas da cidade no domingo (conforme pode espreitar na galeria que acompanha esta notícia), para protestar contra os contornos desta morte.
"O que aconteceu ao Tyre Nichols não é uma exceção, é a regra. E acontece todos os dias neste país. É isto o policiamento norte-americano", disse Cat Brooks, diretora executiva do Anti-Police Terror Project, que organizou o protesto, à cadeia televisiva norte-americana ABC.
"Todos os policiais são 'azuis'. Quando colocas o distintivo, a arma e o uniforme, não és mais negro. És um agente do estado", disse Brooks, concluindo: "Portanto, também estamos aqui para dizer que tirem os polícias das brigadas de trânsito! Não precisam de um distintivo e uma arma para passar uma multa por excesso de velocidade."
O departamento da Polícia de Memphis dissolveu a unidade especial 'Scorpion', cujos agentes são acusados de assassinar Tyre Nichols, um jovem afro-americano que morreu três dias após uma violenta operação de trânsito.
Segundo a imprensa norte-americana, a unidade, composta por 50 pessoas, tinha como missão reduzir os níveis de criminalidade em áreas específicas. Scorpion significa 'Street Crimes Operation to Restore Peace in Our Neighborhoods', cuja tradução para português é 'Operação de Crimes de Rua para Restaurar a Paz nos Nossos Bairros'.
Em comunicado, a Polícia notou que "é do interesse de todos desativar definitivamente" a unidade. "Embora as ações hediondas de alguns lancem uma nuvem de desonra sobre o título 'Scorpion', é imperativo que nós, o departamento de Polícia de Memphis, tomemos medidas proativas no processo de cura de todos os afetados", lê-se.
Recorde-se que a morte de Tyre Nichols ocorreu a 10 de janeiro, após ser severamente agredido numa operação de trânsito por condução imprudente a 7 de janeiro, quando regressava a casa após ter estado num parque. No entanto, esta acusação não ficou provada.
Um advogado da família disse que um vídeo mostra o jovem a ser espancado pelos polícias como uma "pinhata humana". Nichols foi hospitalizado em estado crítico, mas não resistiu à brutalidade dos agentes, segundo as informações conhecidas na última semana.
Os polícias responsáveis foram identificados como Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Emmitt Martin III, Desmond Mills Jr. e Justin Smith, também eles afro-americanos. Todos os cinco são acusados de homicídio em segundo grau, agressão agravada, sequestro agravado, má conduta oficial e opressão oficial.
Homicídio em segundo grau é um crime punível com pena de prisão que pode variar entre 15 a 60 anos de acordo com a lei do Tennessee, estado onde ocorreu o crime.
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