ONU alerta para ataques com base em etnias na Nigéria
As Nações Unidas alertaram hoje para o agravamento da situação de segurança na Nigéria com o aumento de ataques "baseados na identidade", na sequência da morte de 40 membros da comunidade fulani na semana passada.
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Mundo Nigéria
"Estas dinâmicas de atingir comunidades com base na identidade, se não forem abordadas, podem alimentar tensões intercomunitárias, recrutamento por grupos armados e ataques de vingança, com um impacto óbvio sobre os civis", disse a conselheira especial das Nações Unidas para a Prevenção do Genocídio, Alice Nderitu, alertando especificamente para a situação nas regiões centro-oeste e centro-norte do país.
A responsável explicou que o agravamento da situação de segurança é marcado pela politização das atividades pastoris e de transumância e pelas divisões crescentes, incluindo a estigmatização segundo linhas religiosas e étnicas.
"É um ambiente extremamente volátil e é importante que as eleições gerais a realizar em 25 de fevereiro não desencadeiem violência ou mesmo atrocidades", disse Nderitu, que também apontou para um aumento do discurso do ódio étnico e do incitamento à discriminação.
A conselheira apelou aos líderes políticos nigerianos para honrarem o seu compromisso de conduzir campanhas eleitorais pacíficas e aos líderes tradicionais para agirem no sentido de desanuviar as tensões e evitarem o incitamento à violência.
Nderitu também apelou às autoridades para assegurarem que as operações antiterrorismo sejam conduzidas em conformidade com o direito humanitário.
"Os contínuos níveis elevados de violência contra as comunidades em resposta à transumância, incluindo o discurso do ódio e o incitamento à violência, são particularmente preocupantes no período que antecede as próximas eleições em muitos países da região", disse.
A Nigéria tem assistido a um aumento das tensões intercomunitárias nos últimos anos devido a disputas sobre território e recursos, especialmente face ao impacto da seca. A maioria destes confrontos tem sido entre pastores fulani, na sua maioria muçulmanos, e agricultores do centro do país, a maioria cristãos.
Os fulani queixam-se de marginalização na Nigéria e noutros países da região, enquanto outras comunidades os acusam de serem membros de grupos terroristas que operam na área, porque estes grupos - incluindo a Al-Qaida e os afiliados do Estado Islâmico - aproveitaram o descontentamento dos peul para aumentarem as suas fileiras. Isto também levou a alegações de abusos por parte das forças de segurança contra a comunidade peul.
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