A jovem que conseguiu salvar os 12 irmãos da chamada 'Casa dos Horrores', em Perris, no estado norte-americano da Califórnia, deu uma entrevista à revista Elle, na qual conta como é a sua vida passados cinco anos do 'término' de uma das histórias de agressões mais marcantes do país.
Apesar de a comunidade internacional a ter visto como uma heroína quando, com 17 anos, conseguiu fugir do cativeiro - e agressões - em que os seus pais a mantinham e pedir ajuda para chamar a polícia, Jordan Turpin diz que os últimos anos continuaram a ser uma luta. "Um dia normal para mim? Por norma choro", contou à publicação, numa artigo publicado esta segunda-feira.
"Tenho de obrigar-me a comer [...]. E depois começo a preparar-me, a maquilhar-me, mas começo a chorar. E tenho que refazer tudo", conta, explicando que também pensa em fazer partilhas nas redes sociais - onde tem tido algum sucesso -, mas que depois pensa sempre no que os outros vão pensar das suas partilhas. "Talvez deva apanhar ar... e depois começo a chorar outra vez", acrescenta, ainda a falar sobre a sua rotina diária.
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A jovem, conseguiu escapar da casa onde David e Louise Turpin prendiam os filhos e os acorrentavam à cama. Houve ainda períodos - que duraram meses - em que não os deixavam utilizar a casa de banho. Em 2019, David e Louise foram condenados a uma pena de prisão de 25 anos a perpétua.
Turpin conta também que, depois de os pais terem sido condenados, não tinha ideia de quem era, e começou a estudar e a trabalhar na cadeia de restaurantes Taco Bell. E é dessa experiência e do contexto social que a jovem, hoje com 22 anos, fala.
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"Eu era sempre super simpática e estava sempre a dizer: 'Sinto muito'", referiu, explicando que os seus colegas se riam e questionavam por que razão ela era assim. "Eu poderia ter sido irritante. Mas tinha acabado de sair do lar adotivo, então sempre fui muito gentil - porque tinha medo de todos", explicou.
Turpin explica ainda que nessa altura achava que a sua vida nunca ia melhorar. Mas, tal como o título do perfil chama a atenção - 'A influencer mais improvável' -, Jordan está agora a vingar no mundo das redes sociais, e tem até uma agente publicitária. "Chegou aqui muito rápido", explicou a responsável à Elle.
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“Essa é a coisa sobre a Jordan. Mesmo que haja certas partes da sociedade em que ainda estão a 'navegar', todos eles [irmãos] estão muito conscientes do mundo", acrescentou a mesma fonte, explicando que Jordan era muito inteligente e consciente. "Não é algo que muitas pessoas, mesmo que não tenham passado por esse tipo de tragédia, possam dizer", rematou.
Jordan conta que está a considerar ingressar numa carreira musical, mas que não quer 'dar um passo maior do que a perna'.
"Agora, preciso de uma pausa do meu passado", sublinhou, acrescentando: "Quero começar lentamente.
As torturas pelas quais passaram às mãos do casal Turpin incluíam espancamentos, serem acorrentados à cama ou não terem acesso à casa de banho durante meses.
Quando a polícia entrou, a 14 de janeiro de 2018, na 'Casa dos Horrores', após o contacto de Jordan, encontrou 12 jovens com idades entre os dois e os 29 anos, alguns acorrentados à cama, desnutridos e sujos.
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