"Devo reiterar que tudo o que foi acordado no diálogo deve ser cumprido. Assim será edificada a normalização", considerou o diplomata eslovaco durante um encontro com o primeiro-ministro kosovar, o nacionalista Albin Kurti, indicou o portal kosovar Koha.
Em 2013, e sob mediação da UE, os então dirigentes do Kosovo concordaram na criação de uma associação de municípios sérvios com um grau de autonomia destinado a defender os seus direitos e garantir competências em áreas como a economia, educação ou saúde, mas que a atual liderança albanesa kosovar recusar cumprir.
Kurti, que se opôs firmemente a esta autonomia quando estava na oposição, insistiu que assumiu a chefia do Governo, há dois anos, com a promessa de não cumprir esse acordo, apesar das pressões da UE e dos Estados Unidos.
No entanto, na semana passada apresentou seis condições para a aceitação desta autonomia, onde se inclui a posição da Sérvia de nunca reconhecer a independência da sua ex-província, declarada unilateralmente em 2008.
O chefe do Governo kosovar também exige que esta associação tenha caráter multiétnico, como está inscrito na Constituição do Kosovo, e não possua poderes executivos.
Lajcak recusou revelar a posição da UE sobre estas condições impostas por Kurti.
"Esta visita a Pristina é um prosseguimento dos esforços diplomáticos para garantir avanços na normalização e na base do plano europeu", recordou Lajcak nesta sua décima deslocação à capital kosovar desde setembro.
O designado "plano franco-alemão" deverá implicar um acordo abrangente, legalmente vinculativo, para a normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo.
Lajcak desloca-se esta noite a Belgrado, onde se reunirá de novo com o Presidente sérvio Aleksandar Vucic.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria (perto de 90%) de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.
Leia Também: Presidente da Sérvia adverte que país pode tornar-se num "Estado pária"