UE pede à liderança do Kosovo que conceda autonomia à minoria sérvia

O mediador da União Europeia (UE) para a normalização das relações entre a Sérvia e a sua antiga província do Kosovo, Miroslav Lajcak, pediu hoje a Pristina para cumprir o compromisso de fornecer um grau de autonomia à minoria sérvia.

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Lusa
06/02/2023 20:44 ‧ 06/02/2023 por Lusa

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"Devo reiterar que tudo o que foi acordado no diálogo deve ser cumprido. Assim será edificada a normalização", considerou o diplomata eslovaco durante um encontro com o primeiro-ministro kosovar, o nacionalista Albin Kurti, indicou o portal kosovar Koha.

Em 2013, e sob mediação da UE, os então dirigentes do Kosovo concordaram na criação de uma associação de municípios sérvios com um grau de autonomia destinado a defender os seus direitos e garantir competências em áreas como a economia, educação ou saúde, mas que a atual liderança albanesa kosovar recusar cumprir.

Kurti, que se opôs firmemente a esta autonomia quando estava na oposição, insistiu que assumiu a chefia do Governo, há dois anos, com a promessa de não cumprir esse acordo, apesar das pressões da UE e dos Estados Unidos.

No entanto, na semana passada apresentou seis condições para a aceitação desta autonomia, onde se inclui a posição da Sérvia de nunca reconhecer a independência da sua ex-província, declarada unilateralmente em 2008.

O chefe do Governo kosovar também exige que esta associação tenha caráter multiétnico, como está inscrito na Constituição do Kosovo, e não possua poderes executivos.

Lajcak recusou revelar a posição da UE sobre estas condições impostas por Kurti.

"Esta visita a Pristina é um prosseguimento dos esforços diplomáticos para garantir avanços na normalização e na base do plano europeu", recordou Lajcak nesta sua décima deslocação à capital kosovar desde setembro.

O designado "plano franco-alemão" deverá implicar um acordo abrangente, legalmente vinculativo, para a normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo.

Lajcak desloca-se esta noite a Belgrado, onde se reunirá de novo com o Presidente sérvio Aleksandar Vucic.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria (perto de 90%) de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Leia Também: Presidente da Sérvia adverte que país pode tornar-se num "Estado pária"

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