Peru. 27 manifestantes condenados a penas de prisão por "vandalismo"

A justiça do Peru condenou hoje 27 manifestantes por "atos de vandalismo" na região costeira de Ica durante os protestos antigovernamentais, enquanto outras 22 pessoas estão em prisão preventiva por "atos violentos", informaram fontes oficiais.

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Lusa
06/02/2023 21:17 ‧ 06/02/2023 por Lusa

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Peru

"Estas pessoas foram plenamente identificadas como autoras da ocupação de estradas nesta região do sul. Por isso, foram condenadas a mais de três anos de prisão e estão obrigadas a pagar reparações civis por uma quantia superior a 50.000 soles (cerca de 12.000 euros)", revelou o Ministério do Interior em comunicado.

Segundo o ministério, os indiciados "reconheceram os delitos" e em consequência "procedeu-se à prisão efetiva dos sentenciados" na sequência de uma "investigação" da Procuradoria Pública especializada em delitos contra a ordem pública, dependente do Interior.

Outros 22 manifestantes de diversas regiões do país permanecem em prisão preventiva entre um e 18 meses, sob a acusação de "atos violentos", na sequência de outra decisão da designada Procuradoria Pública.

As investigações judiciais e policiais permanecem em diversos distritos do sul, incluindo Ica, Puno, Arequipa e Cuzco, e ainda na região amazónica de Uyacali, fronteiriça com o Brasil.

"A citada procuradoria reafirma o seu compromisso de perseguir o delito e os atos violentos contra a polícia, a cidadania e as instituições públicas e privadas para que não fiquem impunes", acrescentou o Ministério do Interior.

Os protestos no Peru decorrem desde 11 de dezembro, quatro dias após a tentativa do então Presidente Castillo dissolver o parlamento e convocar eleições, e que implicou a sua detenção, permanecendo em prisão preventiva por 18 meses.

Os manifestantes exigem a libertação de Castillo, a demissão da atual Presidente Dina Boluarte, a antecipação das eleições, a dissolução do parlamento e a convocação de uma assembleia constituinte.

Desde essa data já foram mortas 69 pessoas, na maioria manifestantes e no decurso dos confrontos com as forças policiais e militares.

A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam o ex-presidente Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de abastados empresários.

Leia Também: Governo peruano declara emergência em grande parte do centro-sul do país

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