Enquanto a ajuda internacional está a caminho, as operações de socorro estavam a ser prejudicadas na madrugada de hoje pelo frio e escuridão.
Os mais recentes dados oficiais davam conta de mais de 3.600 mortos. Na Turquia, o vice-Presidente Fuat Otkay anunciou ao início da madrugada de hoje 2.379 mortos e 14.483 feridos.
Um total de 7.840 pessoas foram retiradas dos escombros e 4.748 edifícios desabaram completamente, acrescentou.
Já na Síria, o número de mortos é agora de quase 1.300, de acordo com o Ministério da Saúde e equipes de resgate.
Este número de mortos continua a crescer, enquanto um grande número de pessoas continua sob os escombros dos edifícios desmoronados.
A chuva e a neve, que caíram em abundância em alguns locais, e a esperada descida da temperatura com o anoitecer, dificultam ainda mais o trabalho dos socorristas esta segunda-feira à noite.
Perante as condições, a Organização Mundial da Saúde alertou que espera um número final muito maior.
"Muitas vezes vemos números oito vezes maiores aos números iniciais", realçou à AFP Catherine Smallwood, gestora de emergência do gabinete europeu da OMS.
Enquanto decorrem as operações de salvamento, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) já adiantou que o poderoso terramoto causou grandes danos à Cidade Velha de Aleppo e Diyarbakir, dois locais Património Mundial.
Na Síria, a instituição da ONU disse estar "preocupada com a situação na antiga cidade de Aleppo", onde "foram observados danos significativos na cidadela", "a torre ocidental da muralha circundante da cidade velha desabou e vários edifícios sofreram danos".
A antiga cidade de Aleppo, gravemente danificada por quatro anos de combates, ocorridos entre 2012 e 2016, durante os quais milhares de civis morreram, integra a lista de património mundial em perigo da Unesco.
A agência da ONU apontou ainda que na Turquia ocorreu "o colapso de vários edifícios no Património Mundial e Paisagem Cultural da Fortaleza de Diyarbakir e dos Jardins Hevsel, um importante centro dos períodos romano, sassânida, bizantino, islâmico e otomano".
Pelo menos três outros sítios do Património Mundial turco - Göbekli Tepe, Nemrut Dag e Tell d'Arslantepe - também podem ter sido afetados pelo terremoto, de acordo com um comunicado de imprensa da Unesco.
O tremor de terra ocorreu às 04:17 (01:17 em Lisboa) desta segunda-feira, a 33 quilómetros da capital da província de Gaziantep, no sudeste da Turquia, próximo da fronteira com a Síria, a uma profundidade de 17,9 quilómetros.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) o sismo registou uma magnitude de 7,8 e sentiram-se dezenas de réplicas, uma das quais de pelo menos 7,6.
Informações oficiais dão conta do colapso de edifícios nas cidades sírias de Alepo e Hama e em Diyarbakir, na Turquia, neste caso a mais de 300 quilómetros do epicentro.
O sismo desta segunda-feira foi um dos mais fortes em 100 anos, a par do que abalou Erzincan, no leste da Turquia, em 26 de dezembro de 1939, também com magnitude de 7,8. Este terremoto de 1939 deixou mais de 32.000 mortos e provocou um 'tsunami' no Mar Negro, localizado a cerca de 160 quilómetros do epicentro.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, decretou luto nacional de sete dias e, de acordo com o decreto publicado esta segunda-feira pelo Governo, as bandeiras serão colocadas a meia haste até ao pôr do sol de domingo.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, instou esta segunda-feira a comunidade internacional a ajudar milhares de famílias atingidas, salientando que "muitas já necessitavam urgentemente de ajuda humanitária".
O representante permanente da Síria nas Nações Unidas, Bassam Sabbagh, pediu esta segunda-feira à comunidade internacional ajuda nos esforços de resgate e humanitários após o terramoto e assegurou que o Governo sírio está "preparado" para coordenar a assistência a "todo o território".
Dezenas de países já anunciaram que vão enviar ajuda, pessoal e equipamentos para ajudar nos esforços de resgate em áreas atingidas pelo terremoto na Turquia e na Síria.
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