Pelo menos 15 peregrinos muçulmanos nigerianos mortos no Burkina Faso
Pelo menos 15 peregrinos nigerianos de religião muçulmana foram mortos por homens armados não identificados num ataque no Burkina Faso, que a organização religiosa à qual pertenciam atribui ao Exército deste país, disseram hoje fontes do Governo nigeriano.
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Mundo Burkina Faso
"Recebemos informações de que 15 peregrinos foram mortos no Burkina Faso, quando viajavam para o Senegal para um evento religioso. Os agressores ainda não foram identificados", disse hoje à agência de notícias espanhola EFE um responsável do Ministério das Relações Exteriores da Nigéria, que pediu o anonimato, sem especificar a autoria e data do incidente.
No entanto, Sayiddi Mohammed AlQasim, secretário nacional da organização Jam'iyyatu Ansariddeen Attijaniyya, à qual perteciam os peregrinos, elevou o número de mortos para 16 e garantiu à EFE, por telefone, que foi o exército do Burkina Faso que levou a cabo os assassinatos.
"Eles iam em peregrinação a Kaolach, no Senegal, na quarta-feira passada, quando os autocarros foram parados por membros do Exército do Burkina Faso que estavam em patrulha", explicou o líder religioso.
"Mandaram-nos sair dos autocarros e mataram 16 peregrinos a tiro", acrescentou, exigindo que as Nações Unidas abram uma investigação sobre os acontecimentos.
O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, já condenou o homicídio na segunda-feira, através de um comunicado do seu porta-voz, Garba Shehu, no qual não especificou o número de vítimas nem atribuiu responsabilidades, mas sublinhou que os autores serão "devidamente punidos".
"O ministro das Relações Exteriores, através da Embaixada da Nigéria no Burkina Faso, está a cooperar com as autoridades do Burkina Faso e aguarda o resultado da investigação sobre o infeliz incidente", referiu Buhari.
Por seu lado, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso, Olivia Rouamba, confirmou esta segunda-feira, em comunicado, que já foram iniciadas as investigações para esclarecer os factos, referindo que "as autoridades de segurança do Burkina Faso desencorajaram fortemente [os peregrinos] a utilizarem aquela rota devido aos enormes riscos de ataques na zona".
"O ministro Rouamba enfatizou que o Burkina Faso desaprova radicalmente as acusações feitas contra as nossas forças de defesa e segurança", afirma a nota.
A chefe da diplomacia burquinabê também alertou que os terroristas que operam no seu país "usam fardas" e apresentam-se como membros das forças de segurança do Burkina Faso.
O Burkina Faso tem sofrido frequentes ataques terroristas desde abril de 2015, levados a cabo por grupos ligados, tanto à Al-Qaida quanto ao Estado Islâmico, principalmente no norte do país.
Além disso, o país sofreu dois golpes no ano passado: um em 24 de janeiro, liderado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, e outro em 30 de setembro pelo capitão Ibrahim Traoré, atual chefe de Estado do país.
A tomada do poder pelos militares ocorreu, em ambas as ocasiões, na sequência do descontentamento entre a população e o Exército face aos ataques fundamentalistas islâmicos, que deixaram cerca de 1,9 milhões de pessoas deslocadas, segundo os últimos dados governamentais.
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