Sturgeon, a líder que defendeu fortemente a independência da Escócia
A primeira-ministra demissionária da Escócia, Nicola Sturgeon, grande defensora da independência do país, anunciou hoje a renúncia ao cargo após oito anos à frente do Governo escocês e de conseguir combater com êxito a covid-19.
© Getty Images
Mundo Escócia
Líder do Partido Nacional Escocês (SNP, sigla em inglês) desde 2014, Nicola Sturgeon obteve forte apoio dos escoceses nas eleições regionais realizadas em maio de 2021 devido, segundo especialistas, à boa gestão do combate à pandemia de covid-19, à oposição ao 'Brexit' e à possibilidade de um novo referendo sobre a independência da Escócia.
Com uma oratória clara e forte, que chegou mesmo a ofuscar líderes dos principais partidos britânicos, Sturgeon teve uma carreira meteórica desde que deu os primeiros passos na política, sempre no Partido Nacional Escocês.
Nascida em 19 de julho de 1970, na cidade escocesa de Irvine, Sturgeon formou-se com honras na Universidade de Glasgow em 1992. Durante os seus dias de estudante, a líder escocesa integrou a associação nacionalista escocesa da sua universidade.
Antes de ingressar no parlamento regional de Edimburgo em 1999, ano em que a legislatura foi restabelecida, Nicola Sturgeon trabalhou como advogada num escritório em Glasgow.
Inspirada pela antiga primeira-ministra Margaret Thatcher, Sturgeon decidiu entrar para a política, não por sentir uma particular admiração pela "dama de ferro", mas por considerar que a política económica neoliberal promovida pela então primeira-ministra britânica somente fez aumentar o desemprego na Escócia.
Sturgeon ingressou no SNP em 1986 com apenas 16 anos, após se envolver na campanha contra o desarmamento nuclear. Anos depois, em 1992, a líder escocesa tentou, sem sucesso, ganhar uma cadeira no parlamento britânico pela circunscrição de Shettleston, em Glasgow.
No entanto, com a formação do parlamento de Edimburgo, como parte da política de descentralização do Executivo trabalhista do antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, Nicola Sturgeon foi eleita deputada por Holyrood nas listas regionais do SNP em Glasgow. Nessa legislatura, atuou na comissão de Educação, Cultura e Desporto.
Em 2004, John Swinney deixou o cargo de líder do SNP e, nas eleições internas para a sua sucessão, Alex Salmond concorreu à liderança e venceu, nomeando Sturgeon como a sua "número dois".
Sturgeon nunca desistiu do seu fervor pró-independência, chegando a dizer em 2012 que a divisão era a melhor maneira de combater a pobreza e construir uma Escócia mais forte e competitiva.
Depois de uma intensa campanha pelo "sim" à independência, em setembro de 2014, 55,3% dos eleitores da Escócia rejeitaram a separação do Reino Unido contra 44,7% que votaram pelo sim. Com a derrota no referendo, Alex Salmond apresentou a sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro e de líder do SNP.
Logo depois, Nicola Sturgeon, que contava com o apoio da base nacionalista, anunciou a sua candidatura para substituir Salmond e agradeceu o apoio, chamando-o de "amigo, mentor e colega de mais de 20 anos". Sem outro candidato, Sturgeon ascendeu à liderança do SNP e, dias depois, foi eleita primeira-ministra, cargo que ocupou formalmente em 20 de novembro de 2014.
Nos anos que se seguiram, a popularidade de Nicola Sturgeon continuou a crescer e a chefe de governo participou em debates televisivos com outros políticos nas eleições gerais britânicas de 2015, nas quais o seu partido fez história ao conquistar 56 das 59 cadeiras pertencentes à Escócia no Parlamento de Westminster, em Londres.
Um ano depois, nas eleições parlamentares escocesas, o SNP continuou a ser a principal formação no parlamento e Sturgeon permaneceu como primeira-ministra da Escócia.
No referendo realizado em 23 de junho de 2016, que decidiria ou não a continuidade do Reino Unido na União Europeia (UE), a Escócia votou amplamente pela permanência no bloco.
Após o resultado, que foi favorável à saída da UE - o 'Brexit' - Nicola Sturgeon disse que o seu governo começaria a planear um segundo referendo de independência, porque o povo escocês havia votado pela permanência no bloco europeu.
Sturgeon continuou a dizer que era "democraticamente inaceitável" que a Escócia fosse retirada da UE "contra a sua vontade", mas o governo do Reino Unido recusou-se a permitir um segundo referendo.
Desde 2019, Sturgeon afastou-se de Alex Salmond devido a um processo legal de assédio sexual. Ambos distanciaram-se depois de o ex-líder do SNP ter sido denunciado por duas funcionárias por assédio sexual -- entretanto, já absolvido pela justiça -- e, posteriormente, por Salmond ter acusado a sua sucessora de ter-se aproveitado do escândalo para prejudicar a sua reputação.
Em janeiro, o Governo britânico vetou um projeto-lei que visava facilitar o processo de mudança de género a partir dos 16 anos na Escócia, defendendo a decisão com a "garantia da segurança de mulheres e crianças".
Nicola Strugeon considerou esta decisão do governo do Reino Unido como um "ataque frontal" à autonomia do parlamento escocês.
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