"Será um diálogo inútil. A verdade é que Macron está a perder tempo. Cheguei à conclusão de que não estamos em condições de mudar o comportamento da Rússia", reconheceu o Presidente ucraniano, em declarações ao jornal italiano Corriere della Sera.
Zelensky defende que se Putin decidiu "isolar-se no sonho de reconstruir o antigo império soviético", os restantes países pouco podem fazer para o evitar.
"Quando as sanções económicas foram impostas, houve quem nos acusasse de isolar a Rússia. Mas não era a verdade. Foi a decisão de lançar a guerra que marginalizou Putin", argumentou o Presidente ucraniano.
Questionado sobre as divergências no Governo italiano -- no qual a primeira-ministra, Giorgia Meloni, apoia Kiev, mas dois dos seus principais aliados, Silvio Berlusconi e Matteo Salvini, não escondem a simpatia por Putin -- Zelensky mostrou-se confiante na prevalência da atual linha da diplomacia de Roma.
"É fundamental não perdermos o apoio de Itália e de nenhum outro país (...). Acreditamos que manter o apoio italiano é fundamental para garantir o de outros países e isso vale também para a unidade da Europa, onde a Itália tem um papel de destaque nos campos económico, social e político", explicou o líder ucraniano.
No entanto, Zelensky reconheceu que em futuras conversas com Meloni abordará esse assunto e ironizou que Kiev talvez também deva enviar presentes a Berlusconi, referindo-se a alguns áudios do ex-primeiro-ministro italiano em que este reconheceu ter recebido até 20 garrafas de vodca de Putin.
Zelensky comentou ainda uma recente sondagem na qual apenas 50% dos italianos consideram Putin o agressor no conflito na Ucrânia, dizendo que isso não significa que metade da população italiana seja pró-russa.
"Acho que existe uma parte importante da população que está indiferente, que teme a guerra, teme o custo da energia, teme a inflação. Enfim, gente normal que não quer problemas. O meu esforço é explicar por que nos defendemos", concluiu o Presidente ucraniano.
No domingo, vários 'media' italianos avançaram que Giorgia Meloni desloca-se esta semana a Kiev e que terá um encontro com Zelensky.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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